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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

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Polícia investiga jargões usados em 'disque-droga' para localizar quadrilha

Os codinomes e jargões utilizados nas ligações do "disque-drogas" entre os clientes e os traficantes integram o inquérito da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) para identificar e localizar outros integrantes a quadrilha que atendia bairros nobres, condomínios e festas em Campinas (SP). Entre os recursos utilizados estão palavras como “livro” e “CD” para substituir as denominações dos entorpecentes.


Um ex-usuário de drogas, que preferiu não se identificar, afirma que o método de conversa com o fornecedor é discutido previamente. "Ao invés de você falar que quer cem gramas de alguma coisa, que você quer cinco papelotes de outra, você quer cem livros, você quer cem CDs", afirma. Além disso, ele explica que as negociações feitas pela internet são mais facilitadas. "Percebi menos preocupação deles [traficantes] com a forma em que isso [venda de drogas] é tratado, discutido, pedido. Não tem essa de você mascarar o que você está pedindo", disse. “A polícia tem que se aprimorar no contato principalmente no trabalho de inteligência para tentar descobrir essas nomenclaturas, essa maneira diferenciada que os traficantes usam para tentar dissimular a venda irregular da substancia entorpecente”, afirma o delegado Oswaldo Diez.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os profissionais liberais aparecem como os primeiros na lista de clientes. Advogados, jornalistas e médicos, estão entre as profissões que mais consomem drogas utilizando o sistema de compras por telefone e internet. Já para os entorpecentes mais solicitados estão a maconha e a cocaína.

Para a médica psiquiatra Débora Christina Ribas D'Ávila, as pessoas de alta classe consomem drogas em quantidades menores, porém preferem as mais potentes. “No começo do uso da droga ela realmente demora a capacidade de atenção, concentração. O problema é que com o passar do tempo, aquele efeito benéfico vai desaparecendo e o efeito ruim aumenta cada vez mais”, explica.

O caso
As investigações ocorreram em decorrência da prisão feita pela Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de um traficante, de 42 anos, em flagrante no momento em que entregava entorpecentes no Residencial Alphaville. Há 30 dias, ele era monitorado pela polícia por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Durante as investigações, a Dise constatou que a dupla atuava em condomínios de luxo, clubes e associações de regiões nobres de Campinas.

A mulher do suspeito foi presa na residência do casal no bairro Chácara da Barra, onde foram apreendidas uma pequena quantidade de cocaína e maconha, além de um caminhonete Mitshubishi L200 e uma motocicleta Harley Davidson.

O casal será indiciado por tráfico de drogas e associação ao tráfico. O suspeito foi levado para a cadeia do 2º Distrito Policial e a mulher para a cadeia de Paulínia (SP). O médico que fez o pedido foi ouvido e liberado.

Perfil de usuário
Segundo Diez, o suspeito possuía dois celulares que eram acionados constantemente por usuários de drogas. "Os compradores são pessoas de alto padrão, empresários, comerciantes, médicos, que moram nos melhores condomínios de Campinas", contou.

O delegado afirma que as investigações apontam que o suspeito tinha um bom ciclo de amizades com a "alta sociedade" de Campinas. "Causou muita surpresa para nós, as pessoas da sociedade que tinham contato diário com ele", afirma.
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