Os irmãos Marcos e Maycon dos Santos Silva sonham formar uma dupla sertaneja de sucesso. Eles estão com 11 e 7 anos, respectivamente, mas no comércio de São Vicente, no litoral de São Paulo, já mostram talento e procuram uma oportunidade de serem valorizados no mundo da música. Os jovens buscam inspirações em estrelas como Zezé di Camargo e Luciano, que da mesma forma que eles, contaram com a ajuda do pai para chegar ao estrelato.
Os dois meninos de São Vicente começaram a cantar música sertaneja quando eram bem pequenos. “O Marcos cantou sozinho com 3 anos”, disse o pedreiro e pai dos meninos, Joaquim Alves Silva, de 47 anos. O pai, que também era músico quando mais novo, ficou feliz ao que ver que Marcos gostava de cantar. Por isso, sempre incentivou o garoto, ensinando-lhe a lidar com a voz e a tocar violão. “Eu era bem pequenininho. Meu pai começava a colocar a musica do João Mineiro e Marciano e eu ficava cantando. Eu gostava de cantar. Depois eu comecei a tocar um pouquinho no violão grande. Pouco depois meu pai comprou um violão pequenininho e eu aprendi mais um pouco”, conta Marcos.
Anos depois, Maycon, aos 3 anos, começou a seguir os passos do irmão. Ele se juntou a Marcos e os dois formaram uma dupla sertaneja. “Eles já nasceram cantando. Quando eu descobri que eles cantavam eu fiquei alegre demais. A primeira música que eu ouvi eles cantando foi Homem de Pedra. Eu vi a música nascer. Eu era pequenininho igual a eles e comecei a cantar com essa música também. Eu tinha 7 anos quando comecei a cantar e com eles foi do mesmo jeito”, conta o pai orgulhoso.
Os meninos saíram da Baixada Santista e foram viver na cidade de Caputira, no interior de Minas Gerais. Lá que eles começaram a se apresentar nas rádios da cidade e a ficarem conhecidos. Os irmãos tiveram a oportunidade de cantar com Gino e Geno e o Trio Parada Dura. Há cerca de dois anos eles voltaram para São Vicente e querem ter mais oportunidades no mundo da música. A mãe dos meninos, a doméstica Aureni dos Santos, de 39 anos, lutou para que os filhos pudessem mostrar o talento no comércio de São Vicente. Ela conversou com alguns comerciantes para ter a permissão para os meninos cantarem em frente ao comércio. “Eu fui atrás de alguém que pudesse estar dando uma ajuda para nós. Eu falei com o gerente e ele deixou. Sem caixa de som e sem nada. Da loja eles não ganham nada. É só para dar um apoio mesmo para a gente ficar encostadinho, porque às vezes pode chover. Eles cantam e o pessoal dá um dinheirinho para eles”, explica ela.
O público não intimida a dupla sertaneja mirim. Marcos e Maycon dizem que não têm vergonha de cantar para várias pessoas desconhecidas porque fazem o que gostam. Com um violão na mão, em cinco minutos, várias pessoas que andavam pela Praça Barão do Rio Branco, em São Vicente, pararam para ver a dupla se apresentar. Enquanto Marcos toca violão e canta, Maycon embala a música na segunda voz. “Eu não tenho vergonha não. Para mim é como se estivesse em casa. A gente canta, os outros veem, eu gosto. A música que eu mais gosto de cantar é ‘No dia em que eu sai de casa’ e o ‘Homem de Pedra’. Essas foram as primeiras que eu comecei a cantar”, conta Marcos.
Para se aprimorarem, eles ensaiam todos os dias. Na escola, ninguém conhece a paixão dos irmãos, mas quando chegam em casa, eles soltam a voz. O pai conta que fica só espiando e ajuda os meninos a cantarem outras músicas e tocarem outras canções no violão. “A gente ensaia todo o dia sozinho e, quando meu pai está em casa, a gente ensaia com ele, porque ele trabalha”, diz Marcos. No repertório, há o sertanejo de raiz de João Carreiro e Capataz até a dupla preferida dos irmãos, Zezé di Camargo e Luciano.
Os irmão já foram em shows em Matipó, em Minas Gerais, e em Praia Grande, no litoral de São Paulo, mas não tiveram a oportunidade de conhecer a dupla. “Tinha muita vontade de conversar com eles. Eu ia perguntar se eu podia cantar com eles a música 'No dia em que eu sai de casa'”, fala Marcos. A mãe até tentou mandar um recado para a dupla, mas até agora ainda não teve retorno. “A gente entregou um CD gravado com eles cantando para o maestro deles, já que não conseguimos chegar neles. Tinha até uma cartinha dizendo que eles queriam conhecer, tinha o DVD deles cantando em casa. Mas já faz tempo e até hoje está difícil. Eles queriam muito conhecer eles”, fala a mãe de Marcos e Maycon, que também adora ver os meninos cantando a música da dupla famosa.
A emoção de ver os pequenos cantando não surge apenas da mãe. No comércio, mesmo quem não conhece a dupla mirim fica admirado com a desenvoltura dos irmãos. “Parei para ver os meninos cantarem. São novinhos e podem dar alguma coisa no futuro”, disse o porteiro Edelson Santos, que estava assistindo a apresentação dos meninos. Mesmo sendo elogiados por várias pessoas na rua, quando mais velhos, eles esperam ter um reconhecimento maior já que não pensam em seguir outra profissão que não seja a de cantores. “O pessoal gosta muito. Eles falam que nós vamos ser grandes cantores um dia e que nosso sonho irá se realizar. Eu acredito”, diz Marcos.
Os pais preparam os filhos, desde pequenos, para o sucesso ou o fracasso no ramo musical. “Eu já nasci cantando também, mas eu nunca achei alguém que se interessasse em me ajudar. Eu falo para eles que estou ensinando, mas se não der certo, vão ter que trabalhar como eu”, diz o pai. Aureni também fala que aconselha os filhos e mostra que há outras possibilidades de emprego na vida. Já os meninos ainda não pensam nisso. “Queremos continuar sendo cantores, conhecidos por todo o Brasil, fazer show no mundo a fora e fazer o que eu mais gosto que é cantar”, sonha Marcos.
