O segurança suspeito de agredir a atriz Roberta Nascimento na galeria Acbeu, em Salvador, no fim do lançamento de uma exposição, prestou depoimento ao delegado João Cavadas, titular da 14ª delegacia, na segunda-feira (14). À polícia, o segurança disse que a mulher tentou acessar o banheiro quando já não podia e, segundo o delegado, tentou minimizar a agressão.

"Ele alegou que o desentendimento aconteceu em função da vontade de utilização do banheiro fora do horário do estabelecimento. Como é de rotina, eles tentam minimizar a agressão. O inquérito vai continuar apurando", apontou o delegado. Na ocasião, a vítima relatou ter sido vítima

Ela relatou ter sido vítima de socos por parte de um segurança do espaço cultural no momento em que tentou ir ao banheiro com a sua namorada. As duas também já prestaram depoimento à polícia, que vai intimar agora testemunhas de ambas as partes. "Aguardaremos a chegada do laudo pericial, que vai constatar se o soco gerou lesões muito grave, gravíssima, leve, que vai servir para a tipificação", acrescentou João Cavadas.

O caso
A namorada da vítima, Talita Andrade, disse que, antes delas, o segurança havia agredido um rapaz. "Primeiro, ele agrediu um rapaz, saiu dando socos. Mas na primeira hora que ele se portou agressivamente para gente, eu não sei até que ponto ele já não tinha se sentido ferido em alguma coisa, na masculinidade dele, por ter visto eu e Roberta o tempo todo felizes", disse a jovem.

Segundo Sérgio Gouveia, gerente do estabelecimento do Acbeu, o segurança está afastado do cargo até que as investigações sejam concluídas. Isabela Nunes, gestora da galeria de arte da Acbeu, disse, por telefone, que a agressão foi mútua. Além disso, afirma que a instituição arcou com todas as despesas médicas da jovem, que foi atendida no Hospital Português.

Em entrevista no dia 2 de março, a atriz relatou que, como o evento tinha acabado, o segurança da instituição estava encarregado de encaminhar as pessoas para fora do local. A atriz disse que o funcionário agiu com agressividade quando a companheira dela, Talita Andrade, que a acompanhava, disse que queria usar o banheiro antes de ir embora.

As duas estiveram na tarde de sábado (2) na 14ª Delegacia, no bairro da Barra, depois foram até o Departamento de Polícia Técnica (DPT) para realizar exame de corpo de delito. O caso foi levado antes à 1ª Delegacia, nos Barris.

"Por estar em um espaço privado de uma instituição cultural, em momento nenhum em fiquei preocupada com algum tipo de agressão por parte da segurança. Então, me portei de uma maneira que retribuí, de certa maneira, a agressão que ele veio. Porque eu sabia que verbalmente a gente podia se agredir sem acontecer uma agressão física. E para minha surpresa, não demorou nem muito. Foi simplesmente eu 'peitar' porque eu sabia que ele estava mentindo, ele dizia que o banheiro estava fechado, e eu tinha informações, por ter amigas dentro do banheiro, que o banheiro estava aberto, eu simplesmente desrespeitei e continuei andando. E aí nisso deu brecha pra ele vir com agressão muito mais violenta, que foi todo o desenrolar, murros, pontapés, empurrões", afirmou Talita.

Um homem que também participava do evento, e prefere não ser identificado, relata que levou Roberta até o hospital com um ferimento que parecia ser muito grave no olho, o que provocou sangramento intenso. Ele diz que estava no banheiro com o filho e, quando saiu, já viu a jovem caída no chão e sangrando muito.