Um homem identificado como Domingos Cesário Boaventura, de 45 anos, preso na manhã desta quinta-feira (21) acusado de abusar sexualmente da própria neta, uma criança de seis anos, dava dinheiro e brinquedos para a menina com a intenção de convencê-la a receber abusos sexuais. Como justificativa para o crime, o agressor disse que a garota nunca apresentou resistência e permitia os abusos que aconteciam dentro da casa onde morava com a família, no Recanto das Emas, região administrativa do DF.
O acusado foi casado durante 20 anos com a avó da menina e disse que a viu crescer. A mãe dela é estudante e passava o dia todo fora trabalhando. Por isso, deixava a filha na casa da avó, que também tinha outras atividades e passava parte do dia na rua.
Nestes momentos em que ficava sozinho com a neta, Boaventura aproveitava para se aproximar da criança e praticar os abusos. Os crimes aconteciam na sala e no quarto onde dormia com a avó da menina.
O caso foi descoberto em outubro do ano passado, quando a irmã da vítima, uma garota de 12 anos, contou aos pais o que estava acontecendo. Inicialmente, a mãe e a avó duvidaram da informação, mas depois perceberam que o comportamento da criança estava realmente diferente e começaram a desconfiar.
Ao ficar sabendo do caso, o pai da menina foi até a 27ª DP (Recanto das Emas) e registrou a ocorrência. O delegado responsável, Pablo Aguiar, disse que desde então investiga o agressor, que ao descobrir que tinha sido denunciado saiu de casa e começou a ameaçar a família.
— Ele simplesmente sumiu e era considerado foragido desde então, porque conseguimos uma autorização judicial decretando a prisão preventiva dele. Nesse meio período, ele ligava para os familiares e diza que se não retirassem a ocorrência voltaria e colocaria fogo na casa.
A criança prestou depoimentos acompanhada da família e de psicólogos da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) que comprovaram o abuso. Nas últimas semanas, a polícia recebeu informações de que o acusado estaria se escondendo em Cocalzinho (GO), região do Entorno do DF, mas ele foi localizado e preso em flagrante em uma chácara no próprio Recanto das Emas.
Em depoimento, Boaventura confessou o crime e disse ter feito sexo oral na neta apenas duas vezes, mas a informação não convenceu a polícia. Ele disse que se arrepende do que fez, mas não considera essa atitude como "algo grave".
— Minha consciência está pesada, mas sei que não foi uma coisa muito grave. Se eu tivesse agarrado e feito à força, tudo bem. Mas ela aceitava e deixava.
O delegado explicou que essa justificativa não procede, uma vez que, pela da lei, qualquer pessoa que tenha menos de 14 anos ainda não tem informações suficientes para saber o que é certo e o que é errado.
— Uma criança de seis anos não tem noção nem do que é sexualidade. O fato de ela ter deixado, como ele diz, não reduz em nada o crime porque até os 14 qualquer pessoa, mesmo que queira que o ato sexual aconteça, ainda não sabe o que pode ou não fazer.
Apesar de ter negado que dava dinheiro e brinquedos para a neta na intenção de cometer os abusos, a vítima contou à polícia que o acusado sempre a procurava para oferecer alguma coisa que ela gostava. Depois, a levava para algum lugar da casa e cometia os abusos.
O delegado disse que é importante que as pessoas denunciem esse tipo de crime pelo Disque 100, nos primeiros sinais de mudança de comportamento da criança.
— A denúncia é anônima e é muito importante que se comunique à polícia. Desconfiou, percebeu mudança no comportamento da criança, avise as autoridades que tomaremos as medidas necessárias. Nesse caso, o homem pedia para a neta não contar para ninguém e falava que esse seria o segredo deles, justamente porque sabia que seria preso.
Agora, o homem vai responder por estupro de vulnerável e, se for condenado, poderá pegar até 15 anos de prisão.