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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Viúva de ex-vereador assassinado deixará o Rio por medo de milícia

A viúva do ex-vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho, decidiu fazer o que sempre quis desde o fim do ano passado. Apavorada com a milícia de Rio das Pedras - da qual seu marido, assassinado dia 10, teria sido um dos chefes -, Adriana Fernandes da Cruz, o filho de 12 anos e o resto da família do ex-parlamentar estão de malas prontas para a Paraíba. Para trás, deixam a comunidade que Nadinho sonhava ver votando maciçamente em seu nome como em 2004, ano em que se elegeu para a Câmara Municipal.


Adriana recebeu o jornal O Dia no local onde Nadinho foi executado: o edifício Residence Provence, no Condomínio Rio 2, na Barra da Tijuca. O casal foi morar no prédio desde a morte do inspetor Félix Tostes, então chefe do grupo paramilitar de Rio das Pedras, em fevereiro de 2007. Nadinho era réu na Justiça pelo crime e, desde então, a relação com os milicianos da região estremeceu. O ex-vereador chegou a ser alvo de um atentado em novembro do ano passado e quase não saía de casa com receio de morrer.

"Hoje tenho medo de tudo, não consigo nem dormir. Meu filho não vai mais para a escola. Faltam apenas alguns detalhes burocráticos e voltaremos para a Paraíba", conta Adriana, que vivia com Nadinho há 16 anos. Na memória da viúva ainda está o barulho das dezenas de disparos feitos enquanto preparava o almoço para a família: "era muito tiro. Quando ouvi, sabia que tinha acontecido alguma coisa com ele", relata, com lágrimas nos olhos.

Na semana passada, a viúva de Nadinho prestou depoimento na Delegacia de Homicídios e preferiu não responsabilizar ninguém pelo homicídio do marido. Ao contrário da viúva de Félix, Maria do Socorro Barbosa - que denunciou todos os integrantes da milícia de Rio das Pedras na Polícia Civil -, ela garante que não tem como ajudar na solução do caso./p>

"Ele (Nadinho) não trazia seus 'problemas' para casa", conta. Mesmo assim, Adriana sempre esteve ao lado do marido em sua trajetória. Ela trabalhou no gabinete do ex-parlamentar na Câmara dos Vereadores entre 2004 e 2008. No ano passado, chegou a registrar candidatura para a Casa pelo PSDC. Na época, havia a possibilidade de Nadinho ser impedido de se eleger devido às acusações de envolvimento com milícias. No fim das contas, Adriana saiu do páreo e o marido não conseguiu votos suficientes para a reeleição.

Risco de perder imóveis em Rio das Pedras
A família de Nadinho teme que a milícia tome os imóveis do ex-vereador na favela. Segundo Adriana, a cobrança de aluguéis na comunidade e a modelação de artesanato eram os atuais rendimentos do casal. Conforme investigações da polícia, o faturamento com atividades clandestinas dos paramilitares cessou com a morte de Félix.

De acordo com declaração entregue ao Tribunal Superior Eleitoral ano passado, a viúva de Nadinho tem R$ 171.500 em bens para seguir com a vida, incluindo duas casas em Campina Grande (PB). Já o ex-parlamentar, segundo a Justiça Eleitoral, teria deixado R$ 95.700 de herança em bens.
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