Ainda na cama, Elza Lisboa Bertonha, moradora de Tupã (SP), se recupera das consequências de ter ingerido, duas vezes, veneno para matar rato, conhecido como chumbinho. A mulher, de 75 anos, duas filhas e uma amiga afirmam que foram envenenadas por um pintor que prestava serviço há anos na casa da aposentada.
“E se ele tivesse matado meus dois filhos e minha amiga? Nunca imaginei que ele pudesse fazer isso já que ele era uma pessoa que consertava tudo em casa e eu o tratava como um filho, como alguém da casa. Eu não sei o que aconteceu, gostaria de saber”, conta a vítima.
De acordo com familiares, dona Elza foi levada para o hospital e os médicos acreditaram que ela teria passado mal por sofrer de problemas no coração. A idosa foi medicada e recebeu alta no dia seguinte. Ao chegar em casa, ela convidou o filho e uma amiga para um café. Momentos depois, todos entraram em convulsão e a aposentada chegou a ser internada em coma na UTI.
“Da primeira vez, encontrei a minha tia sozinha com uma convulsão atípica, mas como ela sofre do coração, achávamos que era por isso. Depois de internada, ela voltou para a casa e foi encontrada no dia seguinte com um quadro clássico de envenenamento, com uma baba expressa e quase sem consciência. Quando passei na sala, eu vi os outros iguais a ela. Parecia um filme de terror”, conta a médica e sobrinha da vítima, Lliliana Lisboa Sanches.
Ela ajudou nos primeiros socorros. “Fizemos uma manobra de ressuscitação, eles voltaram e contaram o que havia acontecido. Achávamos que podia ser o lote do café contaminado com agrotóxico. Cheguei entrar em contato com a Vigilância Sanitária para que o lote do café fosse lacrado”, explica a médica.
A família inicialmente acreditava que poderia haver algum problema no lote do café, mas, na mesma semana eles descobriram que o funcionário tinha depositado na conta dele um cheque de Elza no valor de R$12 mil. De acordo o boletim de ocorrência, a rapaz furtou a folha e falsificou a assinatura da aposentada.
“Como o valor era muito alto, o banco nos ligou para saber se estava correto, mas, como minha tia estava internada o cheque não foi compensado. Depois, ela contou que o pintor havia pedido para que ela preenchesse um cheque dele no valor de R$ 12 mil, que ele era tão “ingênuo” que não sabia preencher. Segundo ele, o dinheiro era para pagar o cunhado. Ele copiou a letra e assinatura dela, mas como o valor era alto e banco ligou e achou melhor reter o cheque. Ele fez o cheque nominal para ele mesmo”, ressalta a sobrinha.