A biblioteca nacional americana dedicada ao ex-presidente Richard Nixon (1969-1974) disponibilizou nesta semana 154 horas de conversas telefônicas gravadas na Casa Branca entre janeiro e fevereiro de 1973. As fitas revelam, segundo o jornal britânico "Daily Telegraph", que Nixon defendia o aborto em casos de estupro ou em casos de bebês mestiços.

Em uma conversa privada com seu assessor Chuck Colson, Nixon abandonou a postura cautelosa sobre o tema e comentou a decisão da Suprema Corte de 1973 no caso Roe e Wade que descriminalizou o aborto no país.

O republicano Nixon afirmou estar preocupado com as consequência da legalização do aborto já que a "permissividade" do ato poderia ameaçar a família americana.

"Há momentos em que um aborto é necessário. Eu sei disso. Quando você tem um negro e um branco", diz Nixon a Colson, segundo o jornal "Telegraph", em referência ao filho de pais de raça diferente.

A fita revela ainda que Colson lembra Nixon do estupro, uma outra causa que legitimaria a legalização. "Ou um estupro", concorda o então presidente.

O republicano Nixon era tido como um grande opositor do aborto, mas preferiu manter um discurso neutro ao público. Somente 36 anos depois, as fitas revelam detalhes da vida de Nixon na Casa Branca e de discursou que podem explicar alguns episódios do governo de Nixon, um dos mais impopulares presidentes americanos que foi forçado a renunciar em 1974 após o escândalo Watergate, de escutas telefônicas na campanha eleitoral.

Mulheres

Outra conversa telefônica, destaca o jornal, mostra Nixon e o então presidente do COmitê Nacional Republicano George H. W. Bush discutindo sobre as belas mulheres do partido.

"Eu reparei em duas mulheres muito atraentes, ambas republicanas, na legislatura. Eu quero ter certeza de enfatizar para nosso pessoal, Deus, vamos procurar algumas [...] entenda, eu não faço isso pelas mulheres, eu estou fazendo isso porque eu acho que uma mulher pode ganhar em algum lugar que o homem não consegue", diz Nixon.

Bush responde positivamente ao pedido de Nixon, que queria aumentar o número de candidatas mulheres no partido.