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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Honduras fecha rádios e TVs após golpe; entidades de mídia protestam

Os governo de Honduras fechou emissoras de rádio e de TV desde que um golpe duramente criticado por toda a comunidade internacional tirou do poder o presidente Manuel Zelaya, que foi eleito, e empossou o presidente interino Roberto Micheletti. Nesta segunda-feira, entidades internacionais de proteção à liberdade de imprensa protestaram.


De acordo com a agência de notícias Reuters, logo depois de surpreender o presidente em casa e enviá-lo para a Costa Rica, os militares hondurenhos invadiram a emissora de rádio mais popular do país e cortaram o sinal local da rede de TV americana CNN em espanhol e da venezuelana Telesur. Outro canal, considerado pró-Zelaya, também foi fechado.

Nas poucas rádios e TVs que continuam em operação são transmitidas músicas e novelas ou programas de culinária, e as menções à crise política que vive o país são esparsas.

Nesta segunda-feira, a venezuelana Telesur denunciou que sua equipe, que transmite quase ininterruptamente a partir dos arredores do palácio presidencial, foi ameaçada de prisão por militares hondurenhos. De acordo com a emissora, sob essa ameaça de prisão, os militares pediram que jornalistas, câmeras e técnicos da TV se desalojassem e interrompessem suas transmissões via satélite.

Testemunhas entrevistadas pela TV venezuelana perto do palácio afirmaram haver ao menos um manifestante morto nos confrontos.

Militares também invadiram os dois principais jornais de Honduras, mas os sites de ambos na internet continuam no ar porque eles são favoráveis ao golpe. "O 'El Heraldo' e o 'El Tribuno' são parte do golpe. Eles e alguns canais de TV são controlados pela oposição. Nesta manhã, esses eram os únicos canais em funcionamento", disse Erin Matute, 27.

Na noite desta segunda-feira, o "El Heraldo" destacava, em sua página principal, a posse dos cinco ministros nomeados pelo presidente interino e a "luta" do país "contra a ilegalidade". Já o "El Heraldo" destacava os confrontos entre manifestantes e militares no palácio presidencial, na capital Tegucigalpa, e os relatos de que havia ao menos 20 feridos.

Durante os protestos, alguns hondurenhos depredaram bancas que vendiam exemplares do "Heraldo" e outros usaram os pacotes de jornais para bloquear as ruas que levam ao palácio.

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) manifestou preocupação quanto à informação de que vários meios de comunicação do país estão fora do ar desde a chegada de Micheletti ao poder. Outra organização, Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), também registrou limitações no trabalho dos meios de comunicação.

"Há evidências da suspensão temporária de sinais de rádio e da TV estatal, assim como de outras cadeias internacionais privadas, e de vários atos de agressão contra jornalistas e as instalações físicas de alguns meios de comunicação", disse, em nota, o presidente da SIP, Enrique Santos Calderón.

Manifestações

Nesta segunda-feira, a capital hondurenha amanheceu sob uma "tensa calma". Grupos de simpatizantes do presidente eleito e deposto, Zelaya, realizaram uma vigília nos arredores do palácio presidencial e mantiveram diversas ruas do entorno bloqueadas. Uma TV local mostrou os manifestantes lançando pedras contra os policiais, que reagiam lançando suas bombas de gás lacrimogêneo.

Fontes da Presidência consultadas pela Efe indicaram que não tinham informação sobre detidos e o que estava ocorrendo fora da sede de governo.

Dezenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos e cerca de 30 foram presas, de acordo com o presidente do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos (Codeh), Andrés Pavón.

Golpe

Zelaya foi derrubado do poder, neste domingo (28), em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.

O presidente eleito e deposto de Honduras, Manuel Zelaya, em seu exílio na Nicarágua
"Fui retirado da minha casa de forma brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam rifles", contou o presidente deposto. "Diziam: "se não soltar o celular, atiramos'. Todos apontando para minha cara e meu peito. [...] Em forma muito audaz eu lhes disse: "se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo é ofender o povo'."

De acordo com os parlamentares hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei" e por "seu desrespeito às ordens e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.

O presidente do Parlamento hondurenho, Roberto Micheletti, eleito presidente interino
Em exílio na Nicarágua, Zelaya diz ter sido alvo de "um complô de uma elite voraz, uma elite que só quer manter o país isolado, em um nível extremo de pobreza". Micheletti, no entanto, afirmou que o golpe foi um "processo absolutamente legal", contemplado na Constituição.

No Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta renúncia de Zelaya --que, em San José (Nicarágua), desmentiu de modo veemente o ato. "Eu nunca renunciei e nunca vou usar este mecanismo enquanto for presidente eleito pelo povo", declarou.

Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o que considerou um "golpe de Estado" em Honduras e afirmou que o Brasil não aceitará o novo governo do presidente hondurenho. No seu programa semanal de rádio, o "Café com o Presidente", Lula disse que a única saída é a democracia. "Não há meio termo. Temos que condenar esse golpe", disse.

"Não podemos aceitar ou reconhecer qualquer novo governo que não seja o do presidente Zelaya, porque ele foi eleito diretamente pelo voto, cumprindo as regras da democracia. E nós não podemos aceitar mais, na América Latina, alguém querer resolver o seu problema de poder pela via do golpe", afirmou.

"Se Honduras não revir a posição, vai ficar totalmente ilhado no meio de um contingente enorme de países democráticos", disse.
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