Olhar Direto

Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Em meio à rejeição, Renan Calheiros luta para reduzir gastos no Senado e mudar a própria imagem

Desde que tomou posse como presidente do Senado em fevereiro, Renan Calheiros (PMDB-AL) é um dos alvos preferidos de protestos e manifestações nas ruas do País. Para tentar recuperar a imagem, Calheiros adotou o discurso da redução de gastos públicos no Legislativo.


A estratégia é criar uma marca positiva durante seu mandato no comando do Congresso para contrapor os escândalos de corrupção que envolvem seu nome.

Para isso, logo no primeiro mês de sua administração, o senador prometeu cortar quase R$ 300 milhões em gastos do Senado até em 2015.

Para este ano, a meta é reduzir R$ 131 milhões. Pelas contas do Senado, esse valor já foi ultrapassado. Por meio das medidas adotadas para cortar as despesas, a Casa enxugou R$ 150,9 milhões em gastos até agosto — quase R$ 20 milhões além do previsto.

De acordo com o cientista político da UFF (Universidade Federal Fluminense) Cláudio Gurgel, a superação da meta revela que há muita “gordura” na estrutura do Senado. Segundo ele, os números também indicam a real intenção de Renan Calheiros.

— Isso naturalmente demonstra que há uma margem, uma gordura que permitiria até outras reduções. Vai-se além da meta em uma operação tipicamente de marketing político. E, para fazer isso, é necessário que haja margem, do contrário não seria possível ir além da meta.

Ao anunciar as medida de corte de custos, Renan Calheiros fez um discurso moralizador. Segundo ele, o objetivo é evitar o desperdício de dinheiro público.

— O que aprovamos é um conjunto de medidas visando a racionalização administrativa [...] e o fim das redundâncias e dos desperdícios.

Passado polêmico

Essa não é a primeira vez que Renan Calheiros ocupa a cadeira da presidência do Senado. O senador alagoano ocupou o mesmo cargo em 2007 e, depois de enfrentar uma crise iniciada com denúncias de que suas contas pessoais eram pagas com dinheiro de propina de lobistas, renunciou à presidência.

Na época, vieram à tona acusações de que a jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha, recebia pensão de R$ 16,5 mil do senador. Com o salário de R$ 12,7 mil, Renan Calheiros alegou que a despesa era paga com dinheiro de sua renda complementar, obtida por meio de negociações agropecuárias.

O senador apresentou notas fiscais para comprovar vendas de cabeças de gado e justificar seus rendimentos, negando qualquer tipo de envolvimento com lobistas. No entanto, o MPF (Ministério Público Federal) apresentou denúncia, alegando que as notas eram falsas.

Renan Calheiros passou os últimos anos trabalhando nos bastidores para garantir sua volta à presidência do Senado. Mesmo sem ter conseguido esclarecer as denúncias, ele teve o apoio da maioria dos senadores e venceu as eleições, em fevereiro deste ano. Dos 78 senadores presentes no dia da votação, 56 escolheram Renan Calheiros.

Protestos

A população deixou claro o descontentamento com a escolha dos senadores e a rejeição a Calheiros. Foram feitas várias petições online, com assinaturas de mais de um milhão de brasileiros, pedindo o impeachment do parlamentar.

No dia da posse como presidente, o site do senador chegou a ser foi removido do ar por hackers. A ação foi em protesto contra a resistência de Renan Calheiros às manifestações e a decisão de se manter presidente do Senado.

A pressão popular também ficou evidente nos protestos que tomaram conta das ruas do País em junho. Calheiros era sempre alvo dos manifestantes, que não se cansaram de pedir a saída do parlamentar da Presidência do Senado.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet