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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Caso Joaquim: 'no mínimo, padrasto sabe o que aconteceu', diz advogado

A família de Joaquim Ponte Marques, 3 anos, espera que o padrasto dele, o técnico em informática Guilherme Rayme Longo, 28 anos, dê informações que possam levar a polícia à elucidação do caso. "No mínimo, ele sabe o que aconteceu", disse o...

A família de Joaquim Ponte Marques, 3 anos, espera que o padrasto dele, o técnico em informática Guilherme Rayme Longo, 28 anos, dê informações que possam levar a polícia à elucidação do caso. "No mínimo, ele sabe o que aconteceu", disse o advogado Alexandre Durante, que representa Artur Paes, pai biológico de Joaquim. O menino foi encontrado morto no domingo, em um rio em Barretos (SP), a 430 quilômetros de São Paulo, e Guilherme foi preso por suspeita de participação no crime.


De acordo com o advogado, Artur está em São Paulo, ainda se recuperando do trauma da morte do filho. "É preciso ter muita cautela para fazer qualquer tipo de acusação neste momento, mas o Guilherme pode colaborar muito com a investigação. Naquela noite, somente ele e a Natália (mãe de Joaquim, que também foi presa) estavam na casa, além do Joaquim", disse Alexandre, referindo-se ao dia 5 de novembro, data que o menino desapareceu de casa.

O advogado afirma que Artur não tinha conhecimento de um suposto relacionamento conturbado entre Natália e Guilherme. "Ele não interferia na vida do casal e não tinha informações sobre o que se passava na casa", afirmou.

Para o promotor Marcus Túlio Nicolino, há muito a ser explicado pelo acusado. Nicolino diz que Guilherme tem um histórico agressivo e que Natália foi agredida por ele em pelo menos duas oportunidades, enquanto estava grávida do filho do casal, Vitor Hugo, de quatro meses.

"Ela admitiu ter sido agredida em janeiro e fevereiro. Natália foi orientada pela família a não levar o caso à polícia pelo fato de estar grávida", disse ele.

O promotor disse também que é preciso averiguar por que o pai de Longo passou em frente à casa do filho, de carro, durante a madrugada em que o menino desapareceu. O carro foi flagrado por câmeras de segurança da rua em que o casal morava com a criança.

"A própria quebra do sigilo telefônico vai ajudar nisso. Para ver quem teve contato com quem naquela noite fatídica", disse Nicolino.

Antonio Carlos de Oliveira, advogado de Guilherme, afirma que seu cliente não tem nada a temer. "O Guilherme é inocente e tem interesse em demonstrar isso. Ele vai falar sempre que for requisitado. Ele não aplicava insulina no menino. Ajudava eventualmente, sempre com a mãe."

O advogado refuta a tese de que o padrasto não tratava bem o menino. "Todos os que foram ouvidos até agora afirmam que ele tratava bem o garoto. Só tive acesso hoje aos autos. Preciso estudar a fundamentação da prisão temporária e planejar o pedido dessa revogação. O réu não tem por que estar preso", disse Oliveira.

Superdosagem de insulina
Na tarde de segunda-feira, o promotor Marcos Tulio Nicolino, que acompanha as investigações, disse ao Terra que declarações da mãe do garoto dão a entender que Joaquim possa ter sido vítima de superdosagem de insulina, aplicada pelo padrasto.

"Após o desaparecimento, ela (mãe) foi entregar a caneta que era utilizada para aplicar insulina. Nesse dia, o padrasto falou que tinha aplicado em si mesmo 30 doses de insulina. Porém, no dia anterior, ele disse que teria aplicado apenas duas doses", falou o promotor. Segundo Marcus, o padrasto de Joaquim pode ter mudado a sua versão para tentar justificar o uso da insulina. "Depois do aparecimento do menino, ele falou que usou as 30 doses. Ele estaria tentando justificar o desaparecimento daquelas doses, que ele poderia ter aplicado no menino para matá-lo", completou.

O menino era diabético e precisava tomar doses constantes de insulina para sobreviver. Mas, para Marcus, a criança era vista como um problema na vida de Guilherme. "Ela (Natália) passou informações que nos levam a acreditar que o relacionamento dos dois não era harmônico como passado anteriormente. O casal brigava constantemente e um dos motivos era que o Guilherme não aceitava o filho de outro casamento. 'Você tem um pedacinho do seu ex-marido aqui dentro de casa', teria dito ele em algumas ocasiões", falou o promotor.

Diante destas suspeitas, o delegado pediu exames que possam comprovar a existência dessa suposta superdosagem no organismo da vítima. Segundo ele, "todos os laudos já foram providenciados".

Desaparecimento
O corpo de Joaquim foi encontrado no último domingo, nas águas do rio Pardo, no município de Barretos, vizinho de Ribeirão Preto - cidade onde o garoto morava. Um exame preliminar de necropsia apontou que o garoto já estava morto antes de ser jogado no rio, segundo a Polícia Civil. A causa da morte, porém, ainda não foi confirmada.

Desde os primeiros dias do desaparecimento, as buscas foram concentradas na região do córrego Tanquinho e no rio Pardo, onde o córrego deságua. Na quarta-feira, um cão farejador da Polícia Militar realizou o mesmo trajeto ao farejar as roupas do menino e as de seu padrasto.

A Polícia Civil já havia pedido a prisão preventiva da mãe e do padrasto de Joaquim, mas a Justiça havia negado. No domingo, porém, a Justiça concedeu um pedido de prisão temporária dos dois, válido por 30 dias. O menino vivia com a mãe, o padrasto e o irmão, Vitor Hugo.

No boletim do desaparecimento registrado na Polícia Civil, a mãe relatou que acordou por volta das 7h e foi até o quarto da criança, mas não a encontrou. Em seguida, procurou pelos demais cômodos e na vizinhança, também sem sucesso. O garoto vestia uma calça de pijama com bichinhos quando foi visto pela última vez.
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