As homenagens na frente da casa do menino Joaquim, assassinado em Ribeirão Preto, foram retiradas na madrugada de domingo e depois reapareceram. No domingo, os cartazes e as flores colocados para homenagear o menino sumiram.
Testemunhas disseram que na noite de sábado para domingo seis pessoas levaram tudo. Os moradores ficaram indignados, mas novas homenagens já começaram a aparecer com pedido de justiça, flores e brinquedos.
Nesta segunda a polícia deve receber o laudo do IML que fez a necropsia do corpo do menino. A polícia confirmou também que até quarta fará uma reconstituição na casa da família. Nos depoimentos de Natalia e Guilherme, a polícia encontrou contradições e o perfil de um relacionamento conturbado.
Guilherme Longo, padrasto de Joaquim, foi ouvido pela última vez no dia 13 de novembro. A psicóloga Natalia Ponte, mãe do menino, prestou depoimento no dia seguinte. O Bom Dia Brasil teve acesso ao que os dois declararam à polícia.
Guilherme não soube responder se foi ele ou Natália quem aplicou insulina em Joaquim na noite de segunda-feira. Ele disse que perto da meia-noite saiu para comprar cocaína perto de casa e deixou a porta da sala encostada, nas fechou o portão com cadeado. Entre ida e volta levou 40 minutos. Ao retornar, manteve o portão com cadeado e a porta da sala encostada.
Disse que acordou algumas vezes para cuidar do filho de quatro meses. Às 07h30, ele e Natalia foram ao quarto de Joaquim para aplicar insulina, quando, então, notaram o sumiço do menino.
No depoimento, Natália declarou que, por ciúme, já tinha sido ameaçada de morte por Guilherme. E pela primeira vez, relatou a agressão dele contra Joaquim. ‘O menino fez xixi na cama e ele o colocou com roupa e tudo debaixo do chuveiro’, disse. Guilherme nega brigas e agressão e disse que tratava Joaquim com carinho.
Nos computadores recolhidos do casal, a polícia recuperou uma conversa dos dois por uma rede social. Guilherme escreve que a ama, e Natalia responde: ‘O problema é acreditar agora. Você enfia esse troço no nariz e no outro dia você fica igual a um defunto nessa casa. Eu não consigo conversar com você”.
Guilherme diz: ‘Eu vou desistir, amor. De verdade. De hoje não passa. Vou te fazer sofrer uma última vez e talvez me odiar para sempre. Mas eu não vou fazer mal algum mais para ninguém”.
Natalia comenta: ‘Então, se você quer mesmo parar, abre o jogo. Porque eu fico com medo de você aqui”.
A polícia já ouviu Natalia e Guilherme várias vezes, sempre separados, e continua encontrando muitas contradições no que os dois declaram em depoimentos.
Entre tantas dúvidas, uma importante para as investigações: quem ligou para a polícia avisando sobre o desaparecimento do menino? O Bom Dia Brasil teve acesso a essa ligação, gravada pela Polícia Militar.
Policial: Polícia Militar, emergência.
Guilherme Longo: Oi, por favor, eu precisava fazer uma denúncia.
Policial: Que tipo de denúncia que é, senhor?
Guilherme Longo: É sobre uma pessoa que sumiu de casa.
Policial: É pessoa...
Guilherme Longo: Tem três anos de idade. A porta de casa estava aberta. Ele sumiu aqui no Jardim Independência. À noite ele estava na cama. A gente acordou de manhã e ele já não estava mais.
Policial: Três anos de idade?
Guilherme Longo: Três anos.
Policial: Meu Deus, qual é o nome do senhor?
Guilherme: É Guilherme.
Policial: Guilherme do que?
Guilherme Longo: Guilherme Longo.
A polícia informou que a mãe de Joaquim, Natália, e o padrasto Guilherme devem prestar novos depoimentos, mas ainda não confirmou a data.