Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Carros & Motos

Primeiras impressões: Ducati Multistrada 1200

Sinônimo de motos esportivas voltadas somente para asfalto perfeito, a Ducati também procura sua fatia no segmento das aventureiras no Brasil com a Multistrada. O modelo custa a partir de R$ 67.900 e é a moto mais versátil da marca italiana, competindo com a BMW R 1200 GS, maior referência do segmento. Para avaliar o seu desempenho o G1 rodou 365 quilômetros pelas Serras Catarinenses com a moto.


Veja lista de preços:
- Multistrada 1200 - R$ 67.900;
- Multistrada 1200 S Touring - R$ 79.900
(pacote inclui suspensão eletrônica, aquecedor de manoplas, maletas laterais e cavalete central);
- Multistrada 1200 S Pikes Peak - R$ 89.900
(pacote inclui suspensão eletrônica, elementos em fibra de carbono, rodas e escapamento especiais)
Suas vendas começaram no Brasil em setembro passado e o modelo segue importado da Itália, porém, a empresa confirmou ao G1 que estuda a nacionalização da moto.
Em 2014, a moto deve começar a ser montada em Manaus, a exemplo do que já acontece com Diavel e Monster 796, por meio de parceria com a Dafra. Até dezembro, 63 unidades já foram vendidas no país e a expectativa da Ducati é que o número chegue a 460 unidades em 2014.
Concorrentes Ducati Multistrada (Foto: G1)
Apesar da investida nítida no segmento das maxtrail - motos com proposta de ter boa capacidade de deslocamento tanto no asfalto, como em pavimentos ruins ou na terra - , a Multistrada não esconde o “sangue italiano” e traz elementos radicais incomuns para as aventureiras em seu conjunto. O modelo está longe de ser uma maxtrail tradicional como a GS; a Ducati pode rodar na terra, mas com ressalvas.

Seu conjunto é impulsionado com agressividade, graças ao motor de 2 cilindros e 150 cavalos, que a torna a mais potente da categoria. Este vigor para o asfalto mostra o diferencial da Multistrada, em relação às concorrentes, pensadas mais para uso misto. O bicilíndrico é o mesmo da Diavel, mas ficou mais “dócil” e menos potente – são 165 cv na Diavel – na Multistrada. A redução de "cavalaria" foi realizada para se adequar à proposta da Multistrada, mas, mesmo assim, ainda é muito forte.

Multistrada VS. rivais
Outra característica marcante da Multistrada é a presença da roda de 17 polegadas na dianteira. Todas no segmento utilizam roda de 17 polegadas na traseira, mas no trem dianteiro a situação se altera. R 1200 GS, a Yamaha XT 1200Z Super Ténére (a partir de R$ 68.990) seguem a linha mais tradicional, com roda de 19 polegadas na dianteira, o que favorece o desempenho off-road.

Mais uma maxtrail “da gema” é a KTM 1190 Adventure, mas, a empresa ainda está afastada do mercado brasileiro. A partir daí, existem opções com diferentes propostas, não somente pela roda, mas também pelo funcionamento de motor e câmbio.

A VFR 1200X Crosstourer da Honda mantém a roda de aro 19” no eixo dianteiro, mas tem motor V4 e câmbio automatizado – a empresa traz apenas esta opção de câmbio para o Brasil, apesar de haver versão manual no exterior. Outra alternativa é a Triumph Tiger Explorer, com roda de 19 polegadas e motor de três cilindros, que também favorece esportividade.

Na ponta da lista está a Kawasaki Versys 1000, que é a mais “asfáltica” de todas, com rodas de 17 polegadas em ambos os trens, e motor de quatro cilindros. Com a roda menor na dianteira, a moto perde em capacidade off-road, mas ganha em deslocamentos no asfalto e agilidade na cidade. Em breve, a nova geração da Suzuki V-Strom 1000 deve se juntar ao grupo no Brasil, apesar de a marca ainda não confirmar.

Desbravando as serras catarinenses
O roteiro para a avaliação da Multistrada foi na bela região das Serras Catarinenses, com ponto de partida na cidade de Bom Jardim da Serra, com passagens por Urubici e Urupema, e retornando ao local de início. Com estradas em bom estado e tráfego leve de veículos, as condições foram adequadas para averiguar o funcionamento da motocicleta italiana.

Logo nos primeiros quilômetros, o posicionamento em cima da moto se mostrou muito confortável. Os braços não ficam nem muito esticados e nem dobrados em demasia, proporcionando a posição ideal para o comando do guidão, que está em uma altura como manda o script do segmento. As pernas vão um pouco mais flexionadas que em outros modelos aventureiros, mas nada exagerado, e ficam bem encaixadas ao redor do tanque, o que ajuda na pilotagem.

Seu assento tem estrutura bem rígida e mostrou-se confortável, apesar de no final da viagem o corpo dar sinais de certo incômodo, mas, foram 356 km. O isolamento aerodinâmico é bom e a bolha dianteira possui fácil ajuste manual. Apesar do visual e dimensões imponentes, a Multistrada é uma moto fácil de conduzir e seu peso “pronta para rodar” é de 224 kg, com todos os fluídos, ou seja, é uma opção mais leve que as concorrentes.

Entre os componentes que levam a esta “leveza”, está a balança (item que liga o chassi à roda traseira) de alumínio do tipo monobraço. Além disso, a sua transmissão secundária é feita por corrente, enquanto GS, Tiger e Crosstourer possuem eixo cardã. De um lado, a corrente traz mais leveza, porém, é menos duradoura que o cardã, o que pode ser considerado negativo para modelo que deseja “dar a volta ao mundo”.

Com sua estrutura compacta, a Multistrada é uma moto “na mão” do motociclista e permite trocas de direção com agilidade e uma estabilidade interessante. Nas estradas sinuosas da região serrana catarinense, o conjunto mostrou-se apto para fazer curvas rápidas e, mesmo em irregularidades, se mantém firme, "no trilho".

As suspensões são reguláveis e têm um curso (extensão) médio para o segmento; são mais longas que as da Versys 1000, mas mais curtas que as da R 1200 GS. Na traseira, existe uma válvula que permite o ajuste manual da pré-carga.

Em trechos mais esburacados, seu funcionamento foi confortável, mas, comparado a outros modelos de roda maior, a Multistrada sofre um pouco mais para transpor obstáculos, principalmente na terra.

Várias motos em uma
O “motorzão”, chamado de Testasttreta, com cilindros dispostos em formato de “L”, é bem esportivo, o que faz a Multistrada ser uma devoradora de asfalto. Para o seu melhor funcionamento, é indicado manter os giros acima dos 6.000 rpm. Rodando assim, é possível usufruir o melhor do bicilíndrico, que é forte e prazeroso.

No entanto, abaixo desta faixa, ele funciona mais timidamente, causando certo desconforto, principalmente para rodar na cidade. Para melhorar isso, a Multistrada possui propulsor com mapas de potência. São 4 no total: Enduro (indicado para a terra), Urban (para a cidade), Touring (estrada) e Sport (pilotagem mais radical).

No caso do Enduro e Urban, a potência máxima cai para 100 cavalos e sua entrega é feita de modo mais linear, melhorando o funcionamento em trechos de cidade e mesmo na terra. Além de alterar o modo de entrega da força, por meio do acelerador eletrônico, os mapas também mudam os níveis de atuação de ABS e Controle de tração.

Assim, para cada um dos 4 modos, existe uma combinação pré-programada também com o nível de ABS e controle de tração. No entanto, ainda é possível alterar o modo de atuação do controle de tração de acordo com o gosto do freguês: são 3 modos de ABS e 8 do controle de tração, além disso, ambos podem ser desligados.

Em cada nível, os sistemas atuam de modo diferenciado. Por exemplo, no modo 1, o ABS reduz a intervenção na roda traseira, necessária para deslocar de melhor maneira na terra.
O controle é feito facilmente por botão no punho esquerdo, mas acelerador e freio devem estar sem uso para que a escolha funcione. Com todas estas possibilidades, a Multistrada possui “muitas motos em uma” e é um modelo muito seguro.

ABS e controle de tração funcionam bem e evitam que o motociclista perca o controle da moto. Apesar de o roteiro passar, em sua maioria, por asfalto em bom estado, alguns locais tinham terra e sujeira na pista, além de poças de água. Nestes casos, o controle de tração evitou com que a roda traseira perdesse o atrito como solo, enquanto o ABS não deixou as rodas travarem.

Todas estas informações são visualizadas facilmente no painel, que é praticamente 100% digital, apenas algumas informações como as setas e as luzes de alerta são analógicas. O computador de bordo, entre outras funções, informa a autonomia, consumo médio e odômetro total/parcial.

Independente do ABS, o sistema de freio também está bem adequado para a proposta da moto, com duplo disco no eixo dianteiro e disco simples atrás. Outro fator importante são os freios do tipo combinado, que repartem a frenagem entre ambos os eixos, independente se acionar o manete dianteiro ou o pedal traseiro. Apenas em frenagens mais bruscas, a frente tende a mergulhar de uma vez, o que pode ser melhorado ao aumentar a rigidez do garfo dianteiro.

Suspensão eletrônica
O comportamento da Multistrada deve ficar ainda melhor com o sistema Skyhook, nomenclatura utilizada pela Ducati para designar o seu sistema de suspensão eletrônica semi-ativa, similar ao presente na R 1200 GS - a versão avaliada era a de entrada, sem este sistema. Além de proporcionar ajustes por meio de botão, o sistema trabalha automaticamente, dependendo do piso, ajustando-se da melhor maneira a cada situação.

Com o Skyhook, o modelo sobe para R$ 79.900, no pacote chamado de Touring, que também traz maletas laterais, manoplas aquecidas e cavalete central. A opção top de linha é a Pikes Peak, nome em referência à famosa prova de estrada nos Estados Unidos, na qual a Multistrada já foi 3 vezes vencedora.

Além de trazer as suspensões eletrônicas, a moto possui elementos em fibra de carbono, rodas e escapamento especiais, que deixaram a moto 2 kg mais leve.

Conclusão
Durante a avaliação houve um pequeno deslocamento na terra, que provou a capacidade da moto também de enfrentar este tipo de terreno. Com maior leveza que as adversárias, a Multistrada pode ser controlada com facilidade, mas a roda dianteira menor dificulta em pisos mais instáveis e escorregadios.

O motor é empolgante, principalmente, aos que gostam de um bicilíndrico. Mas pelo melhor funcionamento em altos giros, o piloto necessita trabalhar bastante o câmbio, que, apesar de bem escalonado, tem engates não tão precisos e necessita de força extra para acoplar as marchas.

Sobre o preço, o segmento das estradeiras top de linha é de motos alto valor e a Multistrada não foge da realidade brasileira. Apesar de não ser a mais cara, também não é a mais barata, mas modelos como Tiger Explorer (R$ 54.900) e Versys 1000 (R$ 49.990) trazem um custo benefício mais interessante, mesmo que a proposta delas seja um pouco diferente. A falta do aquecedor de manopla na versão standard, de R$ 67.900, também é questionável.

Valores à parte, o conjunto da Multistrada funciona muito bem e, no asfalto, a moto cumpre seu papel de ser uma estradeira de primeira. Se o proprietário busca por mais esportividade, o modelo pode ser a melhor opção no segmento. Como quase toda moto italiana, seu design é bem atrativo e moderno, e seu funcionamento, visceral.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet