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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Atirador de Copacabana queria ser policial e ter porte de arma, diz irmão

A família do pedreiro Adilson Rufino da Silva, de 34 anos, não consegue esquecer as cenas de violência que mancharam a imagem do maior réveillon do mundo. Parentes contam que, depois de terminar o Ensino Médio, Adilson tinha o sonho de fazer concurso para ser policial e ter porte de arma. Por causa do porte físico, chegou a fazer bicos como segurança em eventos da Baixada, mas nunca teria manuseado uma pistola.


- Estamos chocados. Ele sempre foi direito, nunca teve envolvimento com coisa errada. Destruiu a família - lamentou o também pedreiro Aílton Rufino da Silva, de 38 anos, irmão de Adilson.

Filho de um tecelão com uma dona de casa, Adilson, de 34 anos, tem cinco irmãos. Todos nasceram nas proximidades da Estrada Velha da Estrela, que liga Magé, na Baixada, a Petrópolis, na Região Serrana. Lá, vizinhos lembram do “menino educado, bom e trabalhador” e da tragédia que ele provocou na virada do ano ao roubar a arma de um soldado. Na confusão, 12 pessoas foram feridas.

- Presenciei o crescimento dele. Sempre foi ótima pessoa, só tinha problema com bebida - conta uma dona de casa de 56 anos.

O irmão revela que, desde a morte da mãe, há quatro anos, Adilson passou a beber com mais frequência. Há três meses, deu para cheirar cocaína. Sua mulher reclamava que ele estava mais agressivo e o ciúme havia aumentado.

Esta era a primeira vez que Adilson, Rosilene Azevedo, de 37 anos, e os filhos, de 9 e 13, passariam o Ano Novo longe da casa humilde numa rua de pedra onde moram há 14 anos. Os dois meninos também foram feridos no tiroteio e têm ficado, desde então, na casa de uma tia. Calados, só querem saber como está o pai, internado no Hospital Miguel Couto.

- Não sei porque ele fez isso. Foi coisa do Diabo - emociona-se Sandra Rufino da Silva, irmã de Adilson.

Enquanto a família e as outras vítimas tentam se recompor, a Polícia Militar promete que, depois de finalizado o inquérito que apura a intervenção da corporação na briga entre Adilson e sua mulher, irá fazer um estudo do caso. O objetivo é “aprimorar os procedimentos”.

Entrevista

Rosilene Azevedo - Mulher do pedreiro Adilson Rufino

‘Ele estava muito alterado, mas já o perdooei. Ele é o amor da minha vida’

Como a confusão começou em Copacabana?

Nós e nossos dois filhos estávamos indo ver os fogos na Praia de Copacabana. Era nosso primeira réveillon lá. Uma quadra antes da praia, meu marido achou que eu estava olhando para um outro homem. Muito ciumento, ele me deu uma gravata na frente dos meus filhos. Eles ficaram apavorados. Vi então uns policiais militares e pedi ajuda. Só lembro que os policiais pediram para ele parar. Depois disso, não me lembro de mais nada.

Adílson é mesmo usuário de drogas?

Não. Naquele dia, não sei por quê, ele tinha cheirado uma “carreira de cocaína” e estava muito alterado.

Adílson está internado sob custódia e em estado grave no Hospital Miguel Couto. Ele falou com você sobre o ocorrido em Copacabana?

Ele segurou minha mão e me pediu desculpas por ter estragado o passeio da nossa família.

Você foi enforcada pelo seu marido naquela noite. Você o perdoa?

Eu já o perdoei, ele é o amor da minha vida.

Seus filhos estão assustados com a violência? O que eles dizem?

Sim, eles estão em estado de choque.

As brigas entre você e seu marido eram constantes?

Discutíamos como qualquer outro casal. Ele é um ótimo pai, um ótimo marido e uma pessoa maravilhosa. Vou fazer de tudo para que ele não vá preso, ele não merece isso.

Adílson foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de tentativa de homicídio e pelo crime de violência contra a mulher. Você vai tentar evitar que o seu marido vá para a cadeia?

Vou, sim, procurar um advogado. Ele não pode ir preso, ele é uma pessoa boa. Quem deve ir preso são os policiais militares que agiram sem ética e com truculência naquela noite.
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