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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Após polêmica em shopping de SP, 'rolezinhos' são marcados no parque

A repressão policial e a polêmica em torno da proibição de "rolezinhos" em shoppings centers na semana passada fez com que aumentasse o número de encontros desse tipo em parques de São Paulo. Neste sábado (18) e domingo (19), pelo menos três deles foram convocados em áreas abertas das zonas Sul, Leste e na Grande São Paulo. Os organizadores afirmam que não se trata de dar as costas aos – outros "rolezinhos" continuam sendo convocados nos centros de compras –, mas de evitar confronto e polemização.

Um dos mais populares é o "rolezinho" marcado no Parque Ibirapuera, na Zona Sul da Capital. Com quase 3 mil confirmações até o fim da manhã desta sexta-feira (17), ele foi marcado por dois adolescentes que são primos e moram no Campo Limpo, na Zona Sul, e frequentavam os "rolezinhos" do Shopping Campo Limpo.

Um deles, de 17 anos, atende no Facebook pelo apelido Alemão. Ele contou ao G1 que não pretende protestar contra a proibição dos "rolezinhos" no shopping. "Acho que não vale a pena não, se proibiram é porque acharam melhor. Essa é a lei do Brasil. Se querem proibir vamos deixar. Fazer protesto por causa disso? Deixa pra lá." Ele decidiu reunir os amigos em outro local que ele costuma frequentar. "Todo final de semana vou lá [no Parque do Ibirapuera], andar de bicicleta, curtir lá um pouco", diz. O adolescente afirma levar cerca de uma hora de ônibus para ir de sua casa ao parque.
Neste sábado, ele espera que o encontro tenha mais privacidade, e também menos polícia. "Em shopping é muito apertado, não tem privacidade. Nós vamos tranquilo, não vai fazer nada errado, estamos indo pra conhecer pessoas novas, ver as meninas. Eu espero que vá bastante gente, mas polícia não queria que fosse, senão ia ficar ruim", explicou ele.
Alemão afirma que os pais o deixam sair com os amigos, mas esperam que ele volte para casa às 22h. O pai do jovem defende os encontros e afirma que eles vão só se divertir. "Falei pra ele: pode ir, mas estar ciente, e voltar pensando naquilo que você fez."
Além do evento no Ibirapuera, neste sábado outro deve acontecer no Parque do Carmo, na Zona Leste. No domingo à tarde, outro encontro foi marcado no Bosque Maia, em Guarulhos, com mais de 800 confirmações no Facebook.
Creio que não vai precisar de polícia porque o evento nem tem ninguém 'arrastando' roubo, e vamos na disciplina e apoiamos o ato contra vandalismo"
Vinicius Centurian,
organizador de 'rolezinho' em Guarulhos
Mais segurança
"Fazemos o 'rolezinho' para conhecer pessoas do Facebook que nós conhecemos só virtualmente e não pessoalmente", explicou Vinícius Centurian, de 19 anos, que trabalha em uma firma metalúrgica e estuda no Serviço Social da Indústria (Sesi). Segundo ele, "no shoping tem adolecentes que vão para más intenções e aproveitam a ocasião para furtos, e no bosque ninguém vai roubar lojas porque lá não tem."
Para evitar os mal intencionados e as possibilidades de arrastão, Vinícius explica que a organização do evento está sendo feita entre "amigos confiáveis" e contando com o policiamento que a Guarda Civil Metropolitana já realiza no local. "Mas creio que não vai precisar de polícia porque o evento nem tem ninguém 'arrastando' roubo, e vamos na disciplina e apoiamos o ato contra vandalismo."
Thiago Aparecido Nogueira, amigo de Vinícius e outro organizador do "rolezinho" no Bosque Maia, entende que o shopping center é um local privado e por isso a preocupação com a entrada de vândalos. "Por isso que vamos fazer agora no lugar público", explicou.

Barrado no shopping
Vinícius Andrade, de 17 anos, é um dos maiores divulgadores de diversos encontros e "rolezinhos" desde o ano passado. Depois de conquistar um público de dezenas de milhares de seguidores no Facebook, o jovem é um dos poucos que frequenta os eventos em várias partes da cidade – em geral, os adolescentes se reúnem no shopping mais perto de seus bairros, que costumam frequentar e onde conhecem mais gente.
Morador do Campo Limpo, ele disse que tinha o hábito de ir ao Shopping Campo Limpo duas vezes por semana. e que gasta entre R$ 1.000 e R$ 1.500 por mês ali.
"Compro minhas roupas tudo lá, algumas. Gosto muito de ir ao cinema", explicou ele, que afirma fazer bicos como vendedor de roupas para juntar dinheiro, além de já ter cobrado entre R$ 50 e R$ 800 para publicar textos patrocinados de divulgação de bailes funk em seu perfil no Facebook.
O shopping está a maior polêmica, de polícia batendo, não sei o quê. Fazer em lugar mais aberto, no parque, é mais seguro. Estamos divulgar para aumentar a segurança"
Vinícius Andrade,
'rolezeiro' do Campo Limpo
Na quinta-feira (16), porém, ele alega ter sido barrado de entrar no Shopping Campo Limpo. O episódio ocorreu por volta das 15h. "Fui barrado bem na entrada por seguranças dizendo que é proibido porque estou de 'rolezinho'." Vinícius diz que estava sozinho no momento e que não fez reclamação formal ao estabelecimento. "Achei uma falta de respeito, estamos proibidos até de comer."
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa do Shopping Campo Limpo negou o episódio, e informou que a equipe de segurança não faz triagem dos frequentadores na entrada do local. Segundo a assessoria, o próximo "rolezinho" convocado no shopping deve acontecer no dia 25 de janeiro.
Vinícius não pretende boicotar o shopping, mas afirma que só vai entrar lá quando houver necessidade. "É humilhante passar por isso", disse.
Neste sábado, ele vai participar pela primeira vez de um "rolezinho" no Parque Ibirapuera. A ideia, segundo ele, é se afastar do debate. "O shopping está a maior polêmica, de polícia batendo, não sei o quê. Fazer em lugar mais aberto, no parque, é mais seguro. Estamos divulgar para aumentar a segurança."
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