O governo de Roraima afirmou ontem que não vai mais comprar uma fazenda da família do senador Romero Jucá (PMDB-RR) para construir casas do programa federal Minha Casa, Minha Vida.

A desistência da compra foi divulgada no mesmo dia em que a Folha publicou reportagem mostrando que a gestão do governador José de Anchieta Júnior (PSDB) já tinha iniciado um processo para desapropriar ao menos 240 hectares da fazenda, que fica nos arredores de Boa Vista (RR), pelos quais poderia pagar até R$ 3 milhões.

A negociação ocorria no momento em que Jucá se aproximava politicamente de Anchieta, inclusive indicando nomes para compor seu secretariado.

Segundo a assessoria do governo, a negociação foi cancelada depois que análises feitas por uma comissão de técnicos levaram à conclusão de que problemas ambientais impossibilitariam a construção de cerca de 4.600 casas no local.

De acordo com Herbson Bantim, chefe da Casa Civil do governo de Roraima, o terreno tem duas lagoas, o que o torna alagadiço. Para as obras, seria necessário drená-lo.

Ele negou que a decisão seja relacionada à publicação da reportagem, e disse que ela já tinha sido tomada desde a semana passada, quando a Folha começou a apurar o caso.

Em nenhum momento da apuração a assessoria do governo --que disse ter falado sobre o assunto com o próprio Anchieta-- comentou esses problemas ou disse que a compra poderia não ser concretizada. A assessoria do senador também não se referiu a eles.

Na última segunda-feira, em novo contato, o secretário da Comunicação do Estado voltou a confirmar a negociação.

Segundo Bantim, o terreno que deve ser escolhido agora será um do Exército, com 3.000 hectares, também nos arredores da capital. Ele possivelmente será doado. Em troca, o governo construirá cem casas para militares, afirmou.