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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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Presidente chinês diz que país deve "isolar e golpear agitadores"

Forçado a abandonar a cúpula do G8 (sete países industrializados mais a Rússia) na Itália por causa da violência étnica no noroeste da China, o presidente Hu Jintao quebrou o silêncio e afirmou que a manutenção da estabilidade social na Província de Xinjiang, onde 156 pessoas morreram em confrontos no domingo (5), é a "tarefa mais urgente".


Em declaração reproduzida na TV estatal nesta quinta-feira, Hu afirmou que as autoridades locais "têm de isolar e golpear o pequeno grupo" de agitadores e "unir e educar a maioria" dos uigures.

Os confrontos do último dia 5 começaram com a repressão dos protestos de uigures, que causou a morte de 156 pessoas e deixou mil feridos, segundo dados oficiais. O grupo de uigures, minoria muçulmana na China, protestava contra o governo chinês por ter ocultado o linchamento de uigures em 26 de junho em uma fábrica de brinquedos da Província de Cantão (sul), incidente no qual morreram duas pessoas e que foi o estopim para a escalada de violência.

Hu descreveu o conflito como "um crime sério, violento planejado com cuidado e organizado por três forças no país e no exterior", em uma aparente referência a extremistas religiosos, separatistas e terroristas.

Após o domingo de violência, os chineses da maioria han, que vivem décadas de confrontos com os uigures, foram às ruas protestar contra o episódio de violência e os danos causados a lojas, carros e estabelecimentos comerciais em meio aos distúrbios.

Milhares de soldados chineses tomaram posição nas ruas de Urumqi afetadas pelos distúrbios, em uma demonstração de força com o objetivo de sufocar a violência étnica.
A TV estatal mostrou Zhou Yongkang, a principal autoridade da China encarregada da segurança, e o ministro da Segurança Pública, Meng Jianzhu, passando em revista soldados usando uniformes camuflados em Urumqi. Meng e Zhou estiveram em ação na repressão em áreas do Tibete depois das amplas manifestações que lá ocorreram no ano passado.

Risco

O governo chinês não pode perder o controle de Xinjiang, um vasto território deserto que tem abundantes reservas de petróleo, é a maior região produtora de gás natural na China e faz fronteira com a Rússia, Mongólia, Cazaquistão, Quirguistão,Tajiquistão, Afeganistão, Paquistão e Índia.

"Toda esta situação pode prosseguir por alguns dias, mas eventualmente o governo tem de usar a força. Não há dúvida sobre isso", disse Bo Zhiyue, pesquisador sênior e especialista em política chinesa no Instituto do Leste da Ásia, da Universidade Nacional de Cingapura.

"Por que se não for usada a força, tudo pode virar uma bola de neve. Pode ficar fora de controle. Qualquer governo teria de fazer a mesma coisa", disse ele.

Os chineses da etnia han, que dizem sentir-se ameaçados depois da violência de domingo, elogiaram a demonstração de força nesta quinta-feira quando os caminhões militares entraram em Urumqi e até tiraram fotografias. Moradores uigures de Urumqi observavam com os rostos tensos.

Punição

Autoridades pediram que os responsáveis pelos distúrbios se entreguem, do contrário terão de enfrentar duras punições. Li Zhi, chefe do Partido Comunista em Urumqi, disse que vai propor a pena de morte para os agitadores que recorrerem a assassinatos na cidade dividida entre chineses das etnia uigur e han.

Os que se entregarem serão tratados com mais condescendência ou mesmo ficar livres de punição, diz o noticiário divulgado pelo governo. Qualquer pessoa que apresentar provas ou entregar suspeitos será recompensada e protegida pela polícia, dizem as autoridades, que criaram uma linha telefônica especial para isso.

Não ficou claro se as mesquitas iriam abrir em Urumqi nesta sexta-feira, o dia muçulmano do descanso. A abertura das mesquitas poderia permitir um espaço para a expressão de insatisfação. Mas o fechamento pode agravar o descontentamento.
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