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Domingo, 21 de julho de 2024

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Laércio Rossetto: metade da vida dedicada à Polícia Civil

A carreira de delegado da PCDF (Polícia Civil do DF) é bastante concorrida e só pode ser exercida por um bacharel em Direito aprovado em concurso público. O candidato também passa por uma avaliação de títulos e precisa demonstrar conhecimentos práticos sobre todos os assuntos jurídicos. Este é o caso do delegado Laércio Rossetto, de 45 anos, atual chefe da 6ª DP (Paranoá).


Rossetto ingressou na Polícia Civil em 1991 como escrivão. Em 1997 formou-se em Direito pela UDF e dois anos depois passou no concurso para delegado. Já esteve na 1ª DP (Asa Sul), 2ª DP (Asa Norte), 4ª DP (Guará) e Dema (Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística). Foi delegado-chefe da 5ª DP (Setor de Grandes Áreas Norte), da 10ª DP (Lago Sul) e atualmente é responsável pela 6ª DP (Paranoá). Chegou a abrir mão do concurso de promotor de justiça, no qual foi aprovado em 1999, para se dedicar à carreira policial.

Em entrevista ao R7 DF, ele disse que o delegado, apesar de ser o integrante principal da delegacia, não é mais nem menos importante que outros, já que o sucesso das investigações se dá, basicamente, pelo trabalho em equipe.

— Todos são importantes no processo investigativo. O delegado é a peça principal da delegacia, que coordena as funções e atua como gestor das equipes, mas ele depende de todos para que os trabalhos funcionem bem. Essa relação é sempre muito respeitosa e a gente faz um belo trabalho em conjunto.

Rossetto contou que ele e a equipe trabalham diariamente na investigação de crimes, como roubo, homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte), porte ilegal de armas, tráfico de drogas, receptação e outros delitos "rotineiros". No entanto, destacou que também está apto a apurar situações mais complexas e que demandam estudos de outras ciências para que a Justiça seja devidamente aplicada.

Casos como o do adolescente César Oliveira de Ferreira que em 2009, aos 17 anos, teve todos os dentes da boca arracandos durante um procedimento no HRAN (Hospital Regional da Asa Norte). O garoto, que sofre com problemas mentais, precisava apenas retirar o siso e um molar.

— Situações onde as pessoas são vulneráveis mexem mais comigo porque elas não têm chance de defesa. Pessoas de baixa renda, com algum tipo de deficiência, crianças ou idosos vítimas de estupro demandam muito de nós, delegados. No caso do garoto César, eu me dediquei muito, estudei a literatura odontológica para entender a situação e descobrir se realmente o que aconteceu foi necessário e certo.

À serviço da sociedade

O delegado disse que uma das premissas mais básicas que devem nortear qualquer pessoa que deseja ingressar na carreira é ter bem claro na cabeça que a profissão existe para servir a sociedade, porque o delegado é quem "materializa o direito e serve como primeira porta de acesso ao cidadão".

Ele afirmou ser necessário saber lidar com pressões políticas e administrativas para que a justiça seja sempre promovida e os direitos humanos das vítimas preservados e respeitados. Rossetto destacou ainda que é preciso saber exercer o poder que este cargo traz "com categoria", para não cometer abusos ou qualquer outro tipo de erro, uma vez que o delegado existe para proteger a comunidade.

— Em 23 anos de profissão, nunca dei uma carteirada. A pessoa tem que ter a reputação totalmente ilibada para poder servir de exemplo e dar segurança a quem precisa dos serviços.

24 horas por dia

No Distrito Federal, via de regra, em todas as delegacias deve existir um delegado 24 horas por dia e sete dias por semana. Quando os delegados-chefe e adjuntos não estão, a delegacia fica sob os cuidados do delegado de plantão. No entanto, para Rossetto, o chefe tem a obrigação de trabalhar mais do que todos os outros servidores da delegacia em função das responsabilidades e atribuições que detém.

— O delegado chefe coordena todos os demais delegados. É bom deixar claro que na ausência do delegado chefe a atuação dos demais não viola o entendimento e autonomia jurídica deles. Mas o chefe é responsável por zelar pela qualidade e desempenho de todos os trabalhos. Tem que estar tudo bem afinado.

Como exemplo, ele disse que às sextas e sábados costuma tirar plantão. Na última sexta-feira (7), Rossetto relatou ter cumprido o expediente normal, mas ficou durante o período noturno para ajudar a equipe nos flagrantes que chegavam na delegacia.

— Trabalhei das 9h às 9h30 do dia seguinte. Na ausência do delegado de plantão, eu tenho que estar presente. Como chefe, preciso ser o gestor para garantir o bom funcionamento. Neste dia, em especial, também respondi pela 9ª DP (Lago Norte), que estava sem delegado.

Aperfeiçoamento

Os estudos não devem ser deixados nunca de lado. Para ser delegado, a pessoa deve estar sempre atualizada e buscando aperfeiçoamento. Além de conhecer bastante a lei e suas novidades, o servidor deve procurar outros cursos para ficar cada vez mais preparado.

— Já fiz cursos de antiterrorismo em Tóquio, no Japão. Fui representando o Brasil e cheguei a ter um artigo publicado sobre esse assunto em uma revista científica. Também já fiz cursos sobre pirataria e nunca paro de estudar.
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