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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Notícias | Mundo

Militares impõem tensa calma em Província muçulmana na China

O governo chinês acusou ontem os manifestantes responsáveis pelos violentos distúrbios na Província muçulmana de Xinjiang de serem "separatistas treinados pela Al Qaeda".


O Politburo, órgão executivo do Partido Comunista, fez reunião de emergência para discutir a crise. "Manter a estabilidade é a tarefa mais urgente", disse comunicado do organismo.

O toque de recolher terminou ontem na capital da Província, Urumqi. Táxis e ônibus voltaram a circular, lojas e mercados reabriram. Mas o Grande Bazar, no principal bairro da minoria islâmica uigur, permaneceu fechado.
O governo proibiu as mesquitas da região de abrirem hoje --sexta é dia sagrado para muçulmanos.

Não são vistos mais chineses da maioria han circulando com porretes e facões, mas os bairros uigures e han permanecem divididos, separados por colunas com milhares de soldados.

O governo insiste em que a situação está 'sob controle' e distribuiu milhares de panfletos pedindo união às etnias.

Segundo dados oficiais, 156 pessoas foram assassinadas e mil ficaram feridas após ataques de muçulmanos uigures contra chineses da etnia han, a majoritária no país. Já uigures no exílio dizem que 600 pessoas foram mortas pela polícia.

No primeiro dia de calma à força em Urumqi, a Folha ouviu diversas versões de pessoas que estavam no domingo na região do Grande Bazar.

A narrativa que sai dos incidentes demonstra que o ódio e a violência estão impregnados nos dois lados, e que a polícia e o governo chineses acabam reforçando a divisão étnica.

No domingo, por volta das 18h, 200 estudantes uigures começaram a marchar pedindo justiça pela morte de uigures, assassinados por colegas da maioria han em junho em uma fábrica no sul da China.

Um funcionário han demitido espalhou um boato que uigures tinham estuprado "garotas chinesas". Uma multidão se reuniu para linchar os uigures. Segundo o governo, dois morreram, mas os uigures dizem que 28 foram assassinados.

A polícia chegou pouco depois do início da manifestação de domingo, e se ouviram diversos disparos. Segundo uigures, cinco estudantes foram mortos pela polícia; os han dizem que os tiros foram ao alto.

Depois dos choques com a polícia, centenas de uigures que trabalham nos mercadinhos ao redor do bazar juntaram-se e passaram a agredir a polícia chinesa e qualquer chinês que vissem nas calçadas.

Enquanto fugia da polícia, a multidão passou a arrancar han de seus carros e agredi-los com pedaços de pau e facões. Ônibus e carros foram vandalizados, e lojas que pertencem a chineses han destruídas.

O que aconteceu depois é menos claro. O governo da Província declarou lei marcial, prendeu 1.500 pessoas e divulgou que 156 pessoas morreram e mil ficaram feridas.

Nos dias seguintes, milhares de chineses armados passaram a vandalizar lojas e residências de uigures e a atacar e até linchar uigures nas ruas. Mas, pela mídia estatal chinesa, só os han foram vítimas; agressões a uigures não aparecem na TV.

"A TV chinesa sempre nos coloca como os violentos, mas a polícia é a mais violenta de todos", diz o uigur Yusuf, com o rosto todo inchado, depois de ser surrado por chineses han.

"Quando os jornalistas deixarem a cidade, voltaremos a ser presos e agredidos cotidianamente, sem explicação".
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