A Polícia Civil de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, concluiu um inquérito que investigou suposto de crime de racismo de dois adolescentes e um jovem de 18 anos contra um senegalês. O mais velho foi indiciado, e os outros dois responderão por ato infracional.

Segundo o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), o fato ocorreu dentro de um ônibus no dia 8 deste mês, quando gritos de "macaco" foram proferidos pelo trio. Eles ainda são suspeitos de agredir o africano com chutes e ponta pés.

A delegada do Deca Suely Rech diz ter provas testemunhais de que a prática de racismo foi caracterizada. "Eles disseram, entre outras coisas, que 'no Brasil, macaco não anda de ônibus'", relatou Suely ao G1. Segundo ela, os incidentes racistas começaram depois que o senegalês embarcou no ônibus e passou a ser provocado pelo trio. Ao reagir, os suspeitos o agrediram com socos.

No dia da confusão, uma passageira e o filho dela de 13 anos tentaram intervir, para impedir as provocações racistas, e também foram agredidos verbalmente. O jovem de 18 anos foi indiciado pelo crime de injúria qualificada, que prevê prisão. Já os dois adolescentes são alvos de indiciamentos pela prática de ato infracional. A delegada, no entanto, acredita que dificilmente eles cumprirão medidas socioeducativas mais duras. "Possivelmente terão que prestar serviço comunitário", avaliou.

O trio foi ouvido pela polícia e, segundo o Deca, apenas um admitiu ter praticado racismo, e disse estar arrependido. Os outros dois negaram as acusações do senegalês, da mulher e do filho dela.

Racismo repercutiu na Câmara

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul também acompanhou o caso do senegalês e de outras suspeitas de racismo. Ao abordar o tema durante uma sessão no dia 18 deste mês, o vereador Flávio Dias, do PTB, causou polêmica afirmando ser contra vida de imigrantes senegaleses e haitianos para o município.

“Eu não gostei nada desse pessoal vir para cá. Não vieram trazer benefício para o Brasil coisa nenhuma. Vieram trazer mais pobreza. Então eu não sou favorável a esses caras aqui, de jeito nenhum. O pessoal daqui precisa de muito apoio também e não tem”, afirmou Dias ao subir na tribuna da Casa na terça.

Já na quarta-feira (19), o vereador usou o microfone na Câmara para dar explicações sobre o dia anterior e afirmou que não tem preconceito nem raiva dos imigrantes. Segundo ele, a declaração tinha como objetivo ressaltar o fato de a cidade não ter a estrutura necessária para receber um número elevado de imigrantes, o que poderia agravar problemas sociais.