Em entrevista exclusiva para a rede CNN, divulgada nesta sexta-feira, o porta-voz do Exército paquistanês, o general Athar Abbas, declarou que está em contato com o principal líder do grupo islâmico radical Taleban no Afeganistão, Mullah Omar, e que pode mediar um acordo entre ele e outros comandantes militares afegãos, e os Estados Unidos.

Durante a entrevista, o militar detalhou as relações próximas com os talebans desde a guerra contra os russos no Afeganistão, na década de 80. Ele também declarou que os militares paquistaneses ainda mantém contato com os principais comandantes militares afegãos, apesar de as relações com o grupo terem mudado drasticamente após o atentando de 11 de Setembro, promovido pela rede terrorista Al Qaeda em solo americano.

Nessa época, foi descoberto que os terroristas que promoveram os ataques haviam treinado no Afeganistão e que o país abrigava a Al Qaeda e Osama Bin Laden.

Apesar disso, Abbas disse que os militares paquistaneses tem os meios para promover o diálogo entre os EUA e o Taleban para chegar a um cessar fogo. Abbas também insinuou que em troca da mediação, o Paquistão quer que os EUA façam concessões em relação a disputas entre o país e seu principal rival, a Índia, mas não especificou quais elas seriam.

A CNN também entrevistou um antigo chefe do serviço de inteligência paquistanesa, o general Hamid Gul, também conhecido como "o padrinho do Taleban", devido ao apoio dos serviços de segurança paquistanês aos militantes afegãos durante a guerra contra os soviéticos. Ele disse a CNN que os diálogos são possíveis e que Mullah Omar é o único que tem poder no Afeganistão para negociar uma trégua. Gul também insistiu que os EUA podem iniciar as discussões através dos serviços de inteligência paquistaneses.

Um oficial do governo americano disse a CNN, que a administração Obama está disposta a conversar com o Taleban e também a debater as concessões.