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Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Copa 2014

Empresa de bebidas paga "grafite da Copa" a prédios da Cohab

As cinco conquistas da Seleção Brasileira de futebol em Copas do Mundo –1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 –, a estreia do time no torneio, em 1930, e a disputa em casa, a partir do próximo dia 12, são temas de grafites feitos em prédios de um conjunto habitacional localizado próximo à Arena Corinthians, sede da abertura do Mundial dentro de dez dias.


Apenas sete prédios da Cohab de Artur Alvim (zona leste de São Paulo) receberam os desenhos feitos por um grupo de 30 grafiteiros e, ainda assim, somente na parede de fundo das edificações -- justamente a que faz frente para a Radial Leste, via de acesso ao estádio. Os prédios de fundo do mesmo conjunto, entregue aos moradores em 1980, ficaram de fora da ação que é bancada pela distribuidora Brahma, uma das patrocinadoras da Copa. Em troca, a empresa poderá divulgar publicidade de sua marca no local durante os 30 dias em que durar o Mundial.

A informação foi dada à reportagem do Terra por moradores dos prédios contemplados, dentre os quais, os que assinaram o que definiram como “contrato de parceria” com a distribuidora de bebidas.

Os grafites são comandados pelos artistas Danilo Roots, Barbara Goy, Thiago Falze e Zefix, que, com as equipes de apoio que somam, ao todo, cerca de 30 grafiteiros, devem finalizar os trabalhos até a próxima quinta, a uma semana da Copa.

“Apareceram várias empresas aqui para fazer acordo com os moradores, mas a única que avançou nas conversas com a gente foi a Brahma, que tratou com a Prefeitura de conseguir a liberação – pelo que a empresa nos explicou, pela lei Cidade Limpa, a publicidade deles só poderia ficar um mês”, afirmou José Eduardo da Silva, 59 anos, síndicos de um dos prédios grafitados.

Segundo Silva, o conselho de condôminos chegou a propor R$ 100 mil à distribuidora, que não aceitou o valor. Em troca da verba, disse o síndico, as edificações terão de manter o grafite pelo período de um ano – até maio de 2015 --, aí, caso queiram, poderão removê-lo.

“Moro há mais de 30 anos nesse prédio e nunca tivemos nenhum incentivo do tipo. E para nós o que aceitamos receber não se trata de uma merreca –às vezes é difícil conseguir que um condômino aceite pagar R$ 10, R$ 20 na mensalidade para uma benfeitoria no prédio”, justificou.

Grafite divide moradores

Morador de um dos prédios grafitados, o segurança aposentado Justino de Oliveira, 62 anos, disse que o interesse dos empresários pela região “é novidade”. “Evidente que é só por causa da Copa. É meio hipócrita, mas, no fim, beneficia o prédio ao menos na parede que aparece para a Radial”, constatou ele, que mora no conjunto desde a entrega, há quase 34 anos.

Para a estudante Natali Macedo, 20 anos, as pinturas “deixaram o lugar mais alegre”. Já a dona de casa Nalva dos Santos, 47 anos, questionou: “Será que depois da Copa vão se lembrar também aqui da região?”, disse, mostrando amontoados de lixo pela rua Padre Jerônimo Machado, que faz a frente dos prédios com os fundos pintados.

Brahma evita citar valores

Segundo Silva, o conselho de condôminos chegou a propor R$ 100 mil à distribuidora, que não aceitou o valor. Em troca da verba, disse o síndico, as edificações terão de manter o grafite pelo período de um ano – até maio de 2015 --, aí, caso queiram, poderão removê-lo.

“Moro há mais de 30 anos nesse prédio e nunca tivemos nenhum incentivo do tipo. E para nós o que aceitamos receber não se trata de uma merreca –às vezes é difícil conseguir que um condômino aceite pagar R$ 10, R$ 20 na mensalidade para uma benfeitoria no prédio”, justificou.

Grafite divide moradores

Morador de um dos prédios grafitados, o segurança aposentado Justino de Oliveira, 62 anos, disse que o interesse dos empresários pela região “é novidade”. “Evidente que é só por causa da Copa. É meio hipócrita, mas, no fim, beneficia o prédio ao menos na parede que aparece para a Radial”, constatou ele, que mora no conjunto desde a entrega, há quase 34 anos.

Para a estudante Natali Macedo, 20 anos, as pinturas “deixaram o lugar mais alegre”. Já a dona de casa Nalva dos Santos, 47 anos, questionou: “Será que depois da Copa vão se lembrar também aqui da região?”, disse, mostrando amontoados de lixo pela rua Padre Jerônimo Machado, que faz a frente dos prédios com os fundos pintados.

Brahma evita citar valores

Por meio de nota, a Brahma confirmou a ação com os grafiteiros e o conjunto habitacional, mas não citou valores sob a alegação de que, “por ser uma companhia de capital aberto, não divulga investimentos isolados.” Por outro lado, a empresa destacou que a ação seguiu “rigorosamente” as determinações do processo administrativo apreciado pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) em março deste ano.


Prefeitura diz que ação não fere Cidade Limpa

Pelo procedimento, divulgado no Diário Oficial de 18 de março deste ano, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano –ao qual está subordinada a CPPU --, autorizou o projeto na Cohab por até 12 meses, “com obrigatoriedade de manutenção durante este período por parte do interessado e restituição à situação original após o período de exposição”.

A Comissão ainda autorizou a “colocação de um logotipo do patrocinador, na primeira face do primeiro edifício, posicionado abaixo da frase “Copa do Mundo da FIFA – Brasil 2014”, dentro dos limites autorizados pela Lei Cidade Limpa --com altura máxima de cinco metros do piso térreo da edificação e com dimensão máxima de três metros quadrados, “pelo prazo máximo de 30 dias”.

Pelo parecer da CPPU, a distribuidora de bebidas teve negado o pedido de colocação de seu logotipo “no topo das edificações”. A assessoria da Secretaria informou ainda que a fiscalização da propaganda dentro dos parâmetros colocados pela lei ficará a cargo da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras.
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