Os alagamentos na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul trazem transtornos para os moradores da região, principalmente de Itaqui. Um empresário da cidade, considerada o epicentro do drama da chuva no estado, depende de um barco, desde sexta-feira (4), para realizar tarefas simples do dia a dia. No final da manhã deste sábado (5), Carlos Alberto Piffero Barbosa usou um bote emprestado por um amigo para buscar o almoço das filhas. Ele é proprietário de um restaurante, que fica no andar térreo da sua casa.
“É um sofrimento, é um retrocesso muito grande para o comércio. A cidade vai levar quatro a cinco meses para se recuperar”, afirmou Barbosa ao G1.
O medo de saques é outro trauma para os moradores desde que a cidade passou a ter 20% do território embaixo d’água, segundo levantamento da Defesa Civil Municipal.
“É uma tensão permanente, porque o rio está sempre subindo e subindo. Aí o comércio para de trabalhar, o restaurante para e tudo fica parado. Quer dizer que a gente fica, não se sabe sobre o risco de furto. A gente passa a noite inteira acordado. Estamos nos revezando”, detalhou o empresário.
O prefeito de Itaqui, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, Gil Marques Filho, afirmou que o número de desabrigados e desalojados em decorrência das fortes chuvas, subiu de 10 para 11 mil no final da manhã deste sábado. O número atualizado da Defesa Civil do estado, no entanto, divulgado às 13h, é de 672 desabrigados e 9.138 desalojados na cidade.
O nível no Rio Uruguai, porém, estabilizou: segue em 13,20 metros, mesmo índice da medição da noite de sexta, segundo a Defesa Civil. Além disso, moradores notaram leve recuo na água que bloqueia vias e deixa parte da população ilhada no centro da cidade.
Apesar da trégua da chuva na manhã deste sábado, a previsão indica volta da precipitação, com risco de queda de granizo, para as regiões de fronteira com o Uruguai, já bastante castigadas com as cheias de rios. A atenção fica mantida para as chuvas generalizadas ainda previstas na região da Campanha e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. No domingo (6), as instabilidades dão origem a uma nova frente fria, que é alimentada pelo canal de umidade que vem da Amazônia sobre a região Sul.
De acordo com a previsão dos meteorologistas, as chuvas fortes registradas nos últimos dias deverão prosseguir em agosto e setembro, mas ficarão mais espaçadas entre a segunda quinzena de agosto e setembro. Com relação à temperatura, o fenômeno El Niño não impede o frio, mas não há previsão de registros de temperaturas tão baixas como as ocorridas em 2013.
Defesa Civil aponta aumento no número de pessoas atingidas pelas chuvas
Subiu para 19.606 o número de pessoas atingidas por enchentes e enxurradas no Rio Grande do Sul. De acordo com o relatório da Defesa Civil do estado, divulgado às 13h deste sábado (5), 1.725 pessoas continuam desabrigadas, enquanto 17.881 estão desalojadas. O total de municípios em situação de emergência continua 78, e dois decretaram calamidade pública. 117 cidades afirmam terem sido afetadas pelas chuvas da última semana. Duas pessoas morreram e uma continua desaparecida.