O grupo islâmico radical Taleban rejeitou nesta segunda-feira renunciar às armas, proposta apresentada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e exigiram de novo a retirada imediata e incondicional das tropas estrangeiras no Afeganistão.
"Não aceitaremos nenhum títere nem sua Constituição. Não deporemos as armas e continuaremos com a jihad [guerra santa] enquanto as forças estrangeiras continuarem presentes no Afeganistão", disse à agência afegã AIP o porta-voz taleban, Mohamad Yousef Ahmadi.
Nesta quarta-feira, em seu primeiro grande discurso sobre política externa, Hillary afirmou que os EUA darão as boas-vindas aos insurgentes que deixarem as armas, se separem da rede terrorista Al Qaeda e aceitarem a Constituição afegã.
Ahmadi negou que existam talebans moderados e radicais, como defende a administração Obama em sua proposta de diálogo para atrair uma parte da insurgência a um processo de reconciliação nacional.
"Não existe essa divisão entre os talebans. Todos os talebans têm uma mesma fé e não conseguem suportar a presença de forças estrangeiras em seu território", disse.
Outro porta-voz insurgente, Zabihullah Mujahid, disse que "nenhum afegão sensível pode abandonar as armas" e defendeu seguir com a luta contra as tropas internacionais.
"Se os EUA realmente querem a paz no Afeganistão e na região, deveriam retirar suas tropas imediatamente e sem condições", exigiu Mujahid, citado pela AIP.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já sugeriu em março a possibilidade de iniciar conversas com um setor dos insurgentes, em uma estratégia semelhante à usada no Iraque, mas admitiu que o conflito afegão é mais "complexo".
Esta proposta teve o apoio do presidente afegão, Hamid Karzai, que sempre expressou seu desejo de negociar em termos mais amplos e inclusive com o líder máximo taleban, o mulá Omar.
A cúpula insurgente sempre rejeitou em público qualquer diálogo e, no ano passado, o próprio mulá Omar tachou de "propaganda" as informações na imprensa segundo as quais os talebans tinham iniciado alguns contatos com o governo afegão.