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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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OEA pede mais pressão

Governo interino de Honduras começa a ceder

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, pediu nesta quarta-feira que se mantenha a pressão sobre o governo interino de Honduras para obter o retorno ao poder do destituído presidente Manuel Zelaya.

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, pediu nesta quarta-feira que se mantenha a pressão sobre o governo interino de Honduras para obter o retorno ao poder do destituído presidente Manuel Zelaya. O pedido veio pouco antes do presidente interino, Roberto Micheletti, anunciar um primeiro sinal evidente de que começa a ceder: ele aceita renunciar, desde que Zelaya não seja restituído.


"Temos que manter a pressão que estamos tendo e permitir que o trabalho dê seus frutos", disse Insulza durante reunião de representantes da OEA em Washington, referindo-se à mediação do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, iniciada na semana passada sem nenhum avanço significativo.

Manifestantes pró-Zelaya gritam slogans em protesto na capital Tegucigalpa
A OEA repudia o golpe de Estado em Honduras e suspendeu o país do órgão por quebra da ordem democrática. O golpe perpetrado por Exército, Suprema Corte e Congresso em 28 de junho passado atraiu condenação internacional unânime e levou Honduras a isolamento diplomático e suspensão de ajudas econômicas consideradas essenciais para a economia empobrecida.

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira indica ainda que o isolamento do governo interino de Micheletti estende-se à própria população de Honduras. Segundo enquete do instituto CID Gallup, em Honduras, Zelaya é mais popular que Micheletti.

Zelaya teve aprovação de 46% contra 30% de Micheletti, que era presidente do Congresso antes do golpe. A enquete apontou ainda que Zelaya tem 44% de desaprovação contra 49% do presidente interino.

A pesquisa foi realizada entre 30 de junho e 4 de julho, dias depois do golpe, e tem margem de erro de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos. Comparada com levantamento de fevereiro, contudo, a pesquisa atual mostra que a aprovação de Zelaya caiu sete pontos, enquanto a de Micheletti subiu sete.

Apoiador de Zelaya picha parede no lado de fora do Congresso, em Honduras
Micheletti aceitou nesta quarta-feira a possibilidade de renunciar. "Se em algum momento a decisão [de renunciar] favorecer a paz e a tranquilidade no país, sem o retorno, que conste, sem o retorno do ex-presidente Zelaya, estou disposto a fazê-lo", disse a jornalistas.

Ele afirmou que a sua oferta de renúncia foi apresentado por uma delegação hondurenha nos Estados Unidos, presumivelmente para o governo americano. Não ficou claro se o governo dos EUA recebeu a proposta para pôr fim à instabilidade no país.

Protestos e toque de recolher

Para evitar novos confrontos com os apoiadores de Zelaya, o governo interino decretou na madrugada desta quinta-feira um novo toque de recolher entre as 0h e 5h de quinta-feira (entre 3h e 8h no horário de Brasília) para tentar conter a paralisação.

A medida foi anunciada em mensagem divulgada por rádio e televisão. Ela proíbe o trânsito de pessoas e veículos à noite, repetindo o que ocorreu entre 28 de junho, quando Zelaya foi derrubado, até o último dia 12. Segundo a Presidência, a decisão foi adotada "em vista das contínuas e abertas ameaças por parte de grupos que buscam provocar distúrbios e desordem".

Mais cedo, os apoiadores de Zelaya anunciaram uma paralisação de dois dias, nestas quinta e sexta-feira, em um manifesto pela volta do presidente eleito. Organizações sociais hondurenhas convocaram a ocupação de "pontos estratégicos" do país, além de protestos nas ruas.

O líder trabalhista, Israel Salinas, um dos principais nomes do movimento pró-Zelaya, afirmou que funcionários estatais planejam grandes marchas nesta semana e que os líderes sindicalistas conversam com as empresas privadas para garantir uma paralisação geral no país.

Salinas disse ainda que grupos simpatizantes nos vizinhos Nicaragua e El Salvador também tentarão bloquear as estradas que unem os países "em solidariedade."

O líder campesino dos protestos, Rafael Alegría, afirmou, citado pelo jornal hondurenho "Hondudiário" que a paralisação inclui bloqueios nas principais estradas do país. Ele aguarda ainda a decisão dos funcionários da área de saúde que votam ainda hoje a participação na paralisação.

"A paralisação será feita de forma pacífica e esperamos não ter repressão, porque não nos quiseram escutar de outra forma e quem tem a solução ao problema é Roberto Micheletti", disse.

Golpe e diálogo

Micheletti foi designado para a Presidência pelo Congresso Nacional, após o a derrubada de Zelaya pelo Exército, com apoio da Suprema Corte e do Parlamento, em 28 de junho passado. Desde então, seu governo, que não foi reconhecido por nenhum país, sofre com a rejeição internacional, e se apoia em uma aparente coesão entre os poderes no país para manter-se no poder até o início do próximo ano, quando deve assumir o presidente eleito nas eleições previstas para novembro.

Zelaya foi deposto na madrugada do dia em que pretendia realizar a votação sobre mudanças constitucionais que, segundo os opositores, tinha como objetivo eliminar a proibição à reeleição. O presidente deposto nega essa intenção, descartando ter sido enquadrado de forma adequada à pena de perda de mandato prevista na Constituição hondurenha para quem tentar remover essa barreira.

Embora rejeita o retorno de Zelaya, o governo interino negocia com o presidente deposto em reuniões mediadas pelo presidente da Costa Rica, Oscar Árias. A continuidade desses encontros foi confirmada nesta quarta-feira, depois de ter sido colocada em dúvida nesta terça-feira por Zelaya, que convocou à 'insurreição' contra o novo governo o povo hondurenho --que segundo pesquisas está dividido em relação à sua deposição.

Segundo o governo costarriquenho, delegações representando Zelaya e o presidente interino participarão da segunda reunião de negociação neste sábado, em busca de uma solução para a crise política.
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