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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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'Vamos mostrar que o RS não tem preconceito', diz patrão de CTG

O patrão do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinelas do Planalto, em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, afirmou que o incêndio criminoso no galpão na madrugada de quinta-feira (11) não irá intimidar os que apoiam a realização do casamento entre duas mulheres no local.

Gilbert Gisler, conhecido como Xepa, diz que recebeu ameaças de pessoas contrárias à cerimônia há cerca de um mês. Além do casal homossexual, outros 28 casais heterossexuais planejam casar no próximo sábado (13). “Não é desse jeito que vão intimidar. Gaúcho que é gaúcho não se entrega. E nós vamos mostrar que o Rio Grande não tem preconceito. Não podemos admitir nos dias de hoje qualquer preconceito sexual, de credo, racismo. Chega disso”, afirmou.

A juíza Carine Labres, que teve a ideia de promover o casamento coletivo, visitou o local na quinta (11). Ela pediu que moradores de Santana do Livramento ajudem com mão de obra e materiais de construção. E garantiu a realização do casamento. “Nós estamos trabalhando para conseguir reeguerger o que se faz necessário para a estrutura do CTG, a fim de que o casamento aconteça”, afirmou.


 

Coquetel molotov provocou incêndio, diz polícia
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de incêndio criminosos. Segundo a delegada Michele Mendes Arigony, que atendeu a ocorrência, técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) examinaram o local e encontraram um coquetel molotov, um artefato incendiário de fabricação caseira. “Os peritos acharam resquícios de uma garrafa de vidro contaminada com gasolina”, disse a delegada.

A investigação ficará a cargo da delegada Giovanna Muller, titular da 1º Delegacia de Polícia da cidade. Ela diz que ainda não há suspeitos do crime. “Por enquanto, a autoria é desconhecida. Testemunhas teriam visto quatro pessoas em um Gol, mas até o momento não confirmamos a veracidade dessa informação”, contou a delegada.

Giovana Muller diz que o próximo passo das investigações é ouvir as pessoas que estavam no CTG na noite de quarta-feira (10). A polícia diz que o fogo começou minutos depois que frequentadores encerraram uma confraternização no local. Caso sejam identificados, os responsáveis devem ser indiciados por incêndio criminoso.
 

Comunidade se une para reconstruir CTG
Na manhã desta quinta-feira (11), um grupo de 50 pessoas se uniu para ajudar na reconstrução do CTG. O objetivo é que o local esteja em condições de receber o casamento coletivo no próximo sábado.

“Ficará mais bonito ainda. O pessoal vai poder comemorar", disse Sérgio Munhoz, presidente da Coordenadoria Municipal de Tradicionalismo, entidade que não faz parte do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), e que participa do mutirão.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta de 0h30, e as chamas foram controladas cerca de três horas depois. Ninguém ficou ferido, mas o fogo atingiu a parte interna da estrutura, justamente o palco, onde acontecerá o evento.

Entidades manifestam repúdio
O presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, diz que o local não é filiado ao MTG desde 2005. Ele foi desligado porque os integrantes da comunidade não seguiriam mais as regras do movimento. “Caso isso acontecesse dentro de um CTG filiado, o Conselho do MTG, composto por 49 pessoas, iria se reunir para avaliar o assunto”, declarou.

Por meio de nota, o MTG disse que os atos de vandalismo praticados contra o CTG “merecem nosso repúdio” e que o movimento “é respeitador das leis e não tem nenhuma restrição a preferências religiosas, ideológicas ou sexuais das pessoas”. Ainda conforme o texto, “qualquer tentativa de vincular o episódio envolvendo aquela associação com o MTG também é repudiada”.

Também por meio de nota, a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul repudiou o que classificou como “atitude homofóbica de um pequeno grupo de pessoas”. "Fica claro que a atitude configura-se em um crime de homofobia, pois havia um casal homossexual que participaria da cerimônia”, diz o texto assinado pela a secretária da pasta, Juçara Dutra Vieira, e a coordenadora da Diversidade Sexual, Marina Reidel.

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