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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Jovem gay pegou carona com cliente de bar antes de ser morto, em Goiás

Jovem gay pegou carona com cliente de bar antes de ser morto, em Goiás

Donos do local dizem que pediram para homem deixar rapaz em casa.
Garoto de 18 anos foi encontrado morto com a boca cheia de papéis.

 

Os donos do bar onde trabalhava o jovem João Antônio Donati, 18 anos, que foi encontrado morto em um terreno baldio emInhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, disseram ao G1 que pediram a um cliente que levasse a vítima para casa na madrugada em que o crime ocorreu, na quarta-feira (10). “Quando foi por volta da 1 hora, fechamos o bar e meu marido pediu que um cliente desse carona ao João. Essa foi a última vez que o vimos com vida”, lamentou a comerciante Graça de Maria, na manhã desta sexta-feira (12).

Segundo os proprietários, o cliente do bar já prestou depoimento à Polícia Civil. "Ele disse que levou o João até a esquina da rua onde ele morava e que ele estava muito apressado, como se fosse encontrar alguém. No entanto, não o viu com ninguém", relatou Graça. O jovem era homossexual e a polícia acredita que ele tenha sido vítima de homofobia.

G1 procurou o delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso, mas ele não pôde atender a reportagem nesta manhã.


 

João começou a trabalhar como garçom no bar há duas semanas. Apesar de cumprir expediente de sexta-feira a domingo, o jovem foi ao local na noite de terça-feira (9). "Ele veio trazer umas roupas do meu marido que a mãe dele lavou e ficou aqui ajudando”, contou Graça.

Mesmo trabalhando no bar há pouco tempo, João era um velho conhecido dos proprietários. "Ele sempre vinha ao bar acompanhado da mãe e ficamos amigos. Meu marido é espanhol e o fato do João ter morado lá na Espanha por dois ou três anos nos aproximou ainda mais. Aí a gente precisava de ajuda no bar e o contratamos", explicou a dona do estabelecimento.

Revolta
Segundo a comerciante, todos sabiam que o rapaz era homossexual, mas isso nunca foi um problema para ele. "Ele falava abertamente sobre isso, mas era muito respeitoso. Assim, todos os respeitavam também. Estamos chocados com essa barbaridade".

O dono do bar, Jesus Hermínio, diz que a vitima era uma pessoa "excepcional" e que não mereceria sofrer com tamanha violência. "Ele era um bom menino, de extrema confiança. Muito educado e trabalhador. É muito triste sequer imaginar que ele tenha sido vitima de homofobia", destacou.

O casal diz que agora espera que justiça seja feita. "Ninguém imagina a dor que essa família está sentindo. E todos nós, pois ele fará muita falta. Era um menino alegre demais para terminar assim, com tanta tristeza. Imagino o quanto ele implorou antes de ser morto. Só espero que as autoridades encontrem os responsáveis", disse Graça. "Que prendam esse monstro que tirou a vida do João", completou Jesus.

 

Crime
Laudo do Instituto Médico Legal (IML), concluído na quinta-feira (11) aponta que a vítima lutou com o agressor antes de morrer e que ele possuía diversas marcas de hematoma pelo corpo. O documento concluiu também que a vítima morreu asfixiada e que não havia nenhuma fratura no corpo.

“Ele tinha diversos hematomas pelo corpo, no olho, no nariz. E como não tinha nenhuma fratura, pode indicar que alguém ficou segurando o rapaz enquanto ele não conseguia respirar. Mas só as investigações podem esclarecer certinho como se deu toda essa dinâmica do crime”, disse o delegado ao G1, na quinta-feira.  Ele afirmou que não foi pedido nenhum outro laudo em relação ao corpo da vítima.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais e causou revolta em internautas de várias partes do país, que já marcaram protestos em cidades como Inhumas, Belo Horizonte e São Paulo no próximo sábado (13).

Teófilo informou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República entrou em contato para pedir informações sobre o caso e cobrar atenção à investigação. Em nota, o órgão também manifestou “suas mais profundas condolências à família e aos amigos de João Antônio, apelando às autoridades do estado para que deem ao caso a devida atenção”.

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