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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

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Polícia chinesa admite ter matado a tiros 12 uigures em confrontos

A polícia chinesa matou 12 membros da minoria étnica uigur a tiros em meio aos confrontos étnicos na cidade de Urumqi, na Província de Xinjiang, que deixaram 197 mortos, informou o governador regional Nuer Baikeli, em uma rada admissão de vítimas de violência das forças de segurança em um país duramente criticado pela violação dos direitos humanos.


No pior episódio de violência étnica desde 1949, segundo o próprio governo chinês, membros da minoria muçulmana uigur e da maioria han entraram em confronto em Urumqi. Os confrontos seguiram um protesto pacífico dos uigures, no último dia 5 de julho, que foi duramente reprimido pelas forças de segurança.

O episódio deixou ainda mais de 1.600 feridos. A maioria das vítimas, segundo o governo, são hans que lançaram ataques contra uigures como vingança pela violência dos dias anteriores. Cerca de mil pessoas, a maioria uigures, foram presos.

O governador afirmou que a maioria das 12 vítimas receberam tiros na cabeça, depois de serem atingidos por pedras e pedaços de metal.

Baikeli, um uigur, afirmou ainda que as vítimas estavam armadas e que atacavam civis e roubavam lojas. Eles foram mortos pelos policiais depois de ignorarem disparos de alerta. O governador afirmou ainda que três deles morreram na hora e os outros morreram em consequência dos ferimentos, no hospital.

"Em qualquer país governado por leis, o uso da força é necessário para proteger o interesse das pessoas e acabar com crimes violentos. Este é o dever dos policiais", disse.

Em uma longa entrevista coletiva, Baikeli afirmou ainda que os policiais exerceram grande controle e que a maioria das vítimas dos confrontos étnicos eram "civis inocentes".

"Os elementos violentos eram desumanos, extremamente violentos e brutais", disse o governador, que netregou os jornalistas um DVD com quatro minutos de filmagem de três uigures tentando incitar outros membros da etnia a irem às ruas protestar.

O trio, armado com facas, perseguiu alguns dos fiéis em uma mesquita. O vídeo mostra ainda dois dos três uigures sendo mortos a tiros quando tentavam atacar a polícia.

Baikeli insistiu ainda que os protestos foram uma tentativa de separatistas exilados de separar Xinjiang, uma Província marcada por movimentos de independência, do resto da China.

Ele negou as acusações de movimentos uigures de que o governo fez um programa de migração han à região para garantir o controle.

Segundo Baikeli, a estabilidade já foi restaurada na cidade. "Xinjiang precisa de estabilidade, unidade étnica e harmonia para desenvolver sua economia", disse o governador, acrescentando que o governo investirá US$ 440 milhões nos próximos cinco anos para reformar a antiga Rota da Seda.

Histórico

Os confrontos do último dia 5 na Província chinesa de Xinjiang começaram com a repressão das forças de segurança aos protestos de uigures. O grupo, minoria muçulmana na China, protestava contra o governo chinês por ter ocultado o linchamento de membros da etnia em 26 de junho em uma fábrica de brinquedos da Província de Cantão (sul), incidente no qual morreram duas pessoas e que foi o estopim para a escalada de violência.

Após o dia de violência, os chineses da maioria han --que vivem décadas de confrontos com os uigures-- foram às ruas protestar contra o episódio de violência e os danos causados a lojas, carros e estabelecimentos comerciais em meio aos distúrbios.

As minorias há muito se queixam que membros da etnia han colhem a maioria dos benefícios dos investimentos e dos subsídios oficiais, enquanto fazem com que os moradores locais sintam-se como estrangeiros.

Os uigures --uma etnia de origem turca, predominantemente muçulmana-- eram mais de 80% dos moradores de Xinjiang (que hoje tem 20 milhões de habitantes), mas nas últimas décadas o governo chinês empreendeu uma política de imigrações de chineses han para a região.

Pequim luta para não perder o controle da região de Xinjiang, um território de vasto deserto e com abundantes reservas de petróleo e gás natural.
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