Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Política BR

No primeiro mandato, Dilma recebeu somente 15 dos 594 parlamentares

BRASÍLIA - Reeleita há duas semanas pregando permanente diálogo, a presidente Dilma Rousseff manteve em seu primeiro mandato visível distanciamento do Congresso Nacional. Centralizadora e pouco afeita à política parlamentar, Dilma nunca demostrou muita disposição para se reunir com deputados e senadores. A agenda oficial da presidente é o reflexo exato dessa distância com o Legislativo: um levantamento feito pelo GLOBO sobre as audiências marcadas no gabinete da presidente mostra que, entre janeiro de 2011 a outubro passado, Dilma recebeu apenas dois dos 513 deputados federais e 13 dos 81 senadores.


Dentre eles, dois se destacam: a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que conseguiu seis audiências com Dilma nesse período, e o senador José Sarney (PMDB-AP), que esteve no gabinete presidencial cinco vezes, sendo uma delas quando estava na presidência do Senado. O levantamento tem como base a agenda oficial de Dilma divulgada diariamente no site da Presidência.

Outros deputados e senadores foram recebidos de "carona" em reuniões dela com ministros ou presidentes de partidos, ou ainda, chamados para encontros que não constam da agenda oficial e aparecem sob a designação "despachos internos". Isso ocorreu, por exemplo, no começo deste ano, quando a Câmara discutia o Marco Civil da Internet. O relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ) foi chamado algumas vezes ao Planalto por Dilma, mas entrava nas audiências acompanhado ministros relacionados ao assunto.

Dos senadores atendidos, a maior parte é do PMDB: além de Kátia e Sarney, Dilma atendeu Romero Jucá (RR), Ricardo Ferraço (ES) e Valdir Raupp (RO). Do PT, seu partido, e do PR, recebeu três: Lindbergh Farias (PT-RJ), Paulo Paim (PT-RS), e Delcídio Amaral (PT-MS); e Alfredo Nascimento (PR-AM), Blairo Maggi (PR-MT), e Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP). Atendeu ainda Gim Argello (PTB-DF) e Randolfe Rodrigues (PSOL). No caso do senador do PSOL, Dilma o convidou para uma conversa em seu gabinete dias depois dos protestos de junho de 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas pedir mudanças. Os dois deputados atendidos foram Sarney Filho (PV-MA), herdeiro do ex-presidente, e João Paulo Lima (PT-PE).

Cobrança de audiências

Essa indisposição em conversar com o Congresso só mudou em dois momentos ao longo dos quase quatro anos de mandato: após as manifestações de junho; e em maio e junho deste ano, véspera do início da corrida eleitoral. Em 2011, primeiro ano de governo, Dilma convocou uma única reunião com os líderes dos partidos aliados na Câmara e outra, com os líderes da base no Senado. Em 2012, não convidou os parlamentares para nenhum encontro do deste tipo. No entanto, entre junho e dezembro de 2013, chamou os congressistas para dez reuniões para debater política: cinco com os líderes do Senado e outras cinco com os líderes da Câmara. Nos dias que se sucederam às manifestações, Dilma convocou também uma reunião conjunta com os presidentes dos partidos políticos. Encontro com esses dirigentes havia ocorrido uma vez apenas, um almoço em agosto de 2011.

A reunião vinha sendo cobrada pelos partidos que ajudaram em sua eleição desde janeiro daquele ano, quando tomou posse. Parlamentares do PT, também mantidos à distância, foram chamados ao Planalto para conversas coletivas. Em julho, de Dilma com os deputados e, em agosto daquele ano, com os senadores petistas. Na última segunda-feira, depois que a Executiva Nacional do PT cobrou de Dilma uma relação mais próxima do que vinha ocorrendo neste primeiro mandato, ela resolveu convidar deputados, senadores e governadores eleitos pelo partido para um coquetel, que ocorreu no Palácio da Alvorada, quinta-feira passada.

Deputados e senadores reclamam que pediram dezenas de vezes audiências no gabinete presidencial. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por exemplo, encerrará seu mandato, em dezembro, sem nunca ter conseguido agendar uma reunião com Dilma. E foram muitas as tentativas, segundo lamentou dias atrás em conversas com outros colegas. As reclamações se repetem pelos corredores de toda a Câmara e de todo o Senado. Partem dos congressistas de todos os partidos aliados, que tentaram, sem sucesso, um encontro com a presidente.

Depois da temporada de conversas no segundo semestre de 2013, entre janeiro e abril deste ano, Dilma pouco tempo dedicou às relações com congressistas e partidos aliados. Em maio, um mês antes das convenções partidárias, voltou sua agenda aos encontros políticos. Participou de um jantar com peemedebistas, almoços com PP e PTB e, ainda, foi a encontros do PT em alguns estados. Em junho, Dilma esteve nas convenções de oito partidos, recebendo apoio à reeleição.

Relação pouco intensa

A relação institucional entre Executivo e Legislativo nesses três anos e dez meses de governo também não foi muito intensa, mas melhorou sensivelmente no ano passado, no auge das manifestações - especialmente com o Senado. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) participou de seis audiências com Dilma, todas elas entre junho e novembro, quando ele liderou uma força-tarefa pela aprovação de projetos voltados para arrefecer os protestos, como o fim do voto secreto nas votações da Câmara e Senado e o que torna corrupção crime hediondo. No ano anterior, de calmaria, a presidente recebeu Renan uma única vez. Quanto ao presidente da Câmara, Henrique Alves, a frequência ao Planalto foi bem menor. Dilma o recebeu para duas audiências, uma em 2012 e outra em 2013.

Nos dois anos anteriores, os presidentes das duas Casas eram Sarney, no Senado; e Marco Maia (PT-RS), na Câmara. Cada um esteve em uma audiência institucional, em fevereiro de 2011. Em 2012, não há nenhuma reunião institucional nas agendas da presidente.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet