O prefeito Eduardo Paes disse nesta quarta-feira (12) que a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Habitação, não pretende cadastrar as cerca de 200 famílias que invadiram o conjunto habitacional do programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo federal, em Guadalupe, no Subúrbio do Rio. O local foi tomado por grupos de pessoas que estavam acompanhadas de suspeitos armados com fuzis. Imagens do Globocop flagraram a movimentação de homens armados no local na terça-feira (11).

"Aquilo dali é coisa de malandro, vagabundo, tem que retirar e acabou a história. Não vamos cadastrar ninguém. O programa 'Minha Casa, Minha Vida' é para pessoas humildes, que se cadastram, esperam pacientemente a sua vez para ter uma casa própria. O que não pode é malandro travestido de pobre, traficante travestido de pobre querer ocupar esse espaço", disse.

Paes disse ainda que apoia as intervenções policiais para a retirada das famílias do local, mas não citou qualquer medida preventiva de segurança que possa ser adotada.   Desabrigados já invadiram outros edifícios da cidade, como o prédio da empresa Oi, no Engenho Novo, no Subúrbio, desocupado pela polícia no início do ano.

Sobre a questão do déficit habitacional na cidade, o prefeito negou que sua gestão tenha construído poucas moradias populares.

"Construímos quase 60 mil casas vinculadas ao 'Minha Casa, Minha Vida'. Vamos continuar cadastrando de maneira ordeira as pessoas nos programas da prefeitura. Mas, invasão tem que ter ação da polícia e não pode esperar ação judicial, tem que agir", declarou.

Os ocupantes da invasão, supostamente organizada por traficantes a um condomínio do programa "Minha Casa, Minha Vida", em Guadalupe, no Subúrbio do Rio, permaneciam nos apartamentos na nesta quarta-feira (12). Desde o início da manhã, havia movimentação nas ruas do condomínio de homens com capuz e boné.

Os apartamentos dos 11 blocos já tinham sido sorteados pela Secretaria Municipal de Habitação e os novos donos receberiam as chaves em 60 dias. A obra, quase pronta, foi tomada na noite de domingo (9).

O secretário municipal de Habitação, Pierre Alex Domiciano Batista disse que, em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF), acionou a Secretaria de Segurança Pública. Segundo Batista, o empreendimento do "Minha Casa Minha Vida" ainda é de responsabilidade da CEF.

“Estamos ligando para todos os beneficiários, informando que já foi dada entrada no pedido de reintegração de posse e que eles vão receber esses imóveis”, disse o secretário.

A Construtora BR4 diz que traficantes armados invadiram o condomínio e abriram espaço para chegada de centenas de pessoas. O diretor técnico Maurício Brito disse que embora a segurança fosse responsabilidade da construtora, a empresa não estava preparada para enfrentar traficantes armados. Imagens mostram um homem armado com fuzil circulando pelo condomínio.

Na terça-feira (11), a construtora registrou queixa na delegacia e entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse. A CEF informou que também já tomou a mesma medida e acionou o Ministério da Justiça, diante da gravidade do fato.

Segundo o comando do 41º BPM (Irajá), que cuida do policiamento na região informou que não houve registro de ocorrências na madrugada desta quarta-feira, com relação à invasão. Na terça-feira (11), o comandante da unidade foi ao conjunto habitacional junto com o subprefeito de Guadalupe para tentar abrir um canal de comunicação com os invasores.

A polícia informou que ainda não recebeu nenhum documento oficial sobre a reintegração de posse. A Polícia Civil diz que abriu inquérito para investigar o caso.

O Ministério das Cidades informou que, desde maio, existe um grupo responsável por receber denúncias de irregularidades do programa Minha Casa Minha Vida. Cento e cinquenta denúncias foram recebidas. Deste total, 30 partiram do Rio de Janeiro e 20 pessoas foram presas no estado.