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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Chamado de Papai Noel na rua, homem se irrita com o clima do Natal

Foto: (Foto: Glauco Araújo/G1)

'Papai Noel' Roberto Frederico ao lado de seu companheiro de passeio, o labrador Russo, 5 anos.

'Papai Noel' Roberto Frederico ao lado de seu companheiro de passeio, o labrador Russo, 5 anos.

Olhar um homem com barba branca volumosa e pele rosada praticamente nos obriga, quase que por instinto, a chamá-lo de Papai Noel. Essa é a rotina do passeador de cães Roberto Frederico, 60 anos, nos 365 dias do ano. Parcialmente careca, com o que lhe restou de cabelos brancos longos e barba grisalha e cheia, ele não gosta muito do “apelido” social que sua fisionomia lhe oferece.


O visual de Papai Noel apareceu em 2001, quando a barba e o cabelo começaram a ficar brancos e mais longos e volumosos. “Antes eu não gostava. Hoje eu nem ligo mais. Eu não gostava, não. Não chegava a brigar, mas quase brigava. Não é por causa do Natal só, não, é o ano todo. Acho que o que mais me irrita é quando me chamam de Papai Noel quando não é época de Natal”, disse Frederico.

"O que mais me irritava era o ho ho ho. O cara passa de carro e grita: ô, Papai Noel!"

Em sua rotina diária, os únicos animais que lhe fazem companhia não são as renas do Papai Noel, mas os cães com quem passeia pela região de Perdizes. A reportagem do G1 encontrou Frederico ao lado de Russo, 5 anos, um labrador preto. O cachorro costuma chamar a atenção de quem passa ao lado dele deles, motoristas ou pedestres.

“Essa febre, essa coisa bizarra. Eu não gosto muito. Não gosto dessa febre no Natal. Acho meio bizarro as pessoas mudarem o comportamento delas em função de uma data. Mudam drasticamente o comportamento afetivo, a atenção, muda tudo, é muito artificial essa mudança abrupta por causa de uma data. Não gosto mesmo disso.”

Mesmo o fato de não gostar de Natal e de Papai Noel parecer uma postura antipática, Frederico é justamente o oposto. Ele é articulado, educado e bem humorado. “Gosto das minhas lembranças de infância, aquelas gravuras de Papai Noel gordo, ruborizado, Papai Noel da neve. Agora, aqui com esse calor que faz. A gente é aculturado, a gente incorpora sem digerir. Essas coisas me incomodam pra caramba, mas quando era pequeno eu gostava de Papai Noel.”

Obrigação familiar
Frederico disse que prefere se esconder durante do Natal. “Quando cresci eu deixei isso de lado, totalmente. Só aquela obrigação familiar, que é péssimo também. Eu odeio essa época assim como o carnaval também. Emenda tudo com esse calor maldito, me desculpe. O Natal só tem um lado bom que são as lembranças de infância, tirando isso, nada.”

O passeador de cães disse que recebeu um convite recente para aturar como Papai Noel neste Natal, mas recusou o convite. “Tem um amigo meu que é Papai Noel, chegou a me passar o telefone da agência, mas eu não procurei. Nunca me vesti de Papai Noel. O Natal é mais comercial ainda do que o carnaval. Eu odeio. Não vou para festas, procuro me esconder, sim. Fico em casa. Eu não gosto do Natal”.
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