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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Morre uma das siamesas separadas em GO; irmã tem quadro gravíssimo

Morreu na manhã desta quinta-feira (8) a gêmea Anny Beattriz, que passou por uma cirurgia de separação da irmã, Anny Gabrielly, no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. De acordo com a unidade, a menina, de 29 dias, foi vítima de falência múltipla dos órgãos. A outra criança permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, em estado gravíssimo e respirando com a ajuda de aparelhos.


As gêmeas nasceram unidas pelo tórax e abdômen e passaram por uma cirurgia de separação, no último dia 3, após apresentarem piora do estado de saúde. Elas compartilhavam o fígado e tinham dois corações, interligados entre si.  Além disso, Anny Beattriz possuía dois rins e Anny Gabrielly, apenas um.

Após o procedimento, o cirurgião Zacharias Calil afirmou que o quadro das siamesas separadas era crítico e as chances de sobrevida eram menores do que 1%. Segundo ele, o ideal seria que elas tivessem passado pela cirurgia entre 6 meses e 1 ano de vida, mas a operação devido a uma piora no quadro de saúde das irmãs.

“As condições delas eram muito ruins e, na última sexta-feira [2], pioraram ainda mais. Elas estavam azuladas e, se a cirurgia não tivesse sido feita, não teriam sobrevivido a mais 48 horas. Por ter o coração interligado por uma veia de grosso calibre, elas estavam trocando material tóxico, ou seja, bactérias, entre si”, afirmou.

Desde a cirurgia, as irmãs permaneciam internadas na UTI Neonatal, em estado gravíssimo. Nesta quinta-feira, às 5h45, Anny Beattriz não resistiu e morreu.

O HMI adiantou que Anny Gabrielly precisa de bolsas de sangue do tipo O positivo. Quem puder ajudar, pode fazer doações no Hemocentro, que fica na Avenida Anhanguera, nº 5.195, no Setor Oeste, em Goiânia.

Agrotóxicos
As gêmeas nasceram em 10 de dezembro, aos oito meses de gestação, no HMI. A mãe e o pai são de Ibipeba, na Bahia, e descobriram que as duas eram siamesas no sexto mês. “No sétimo mês, tivemos a certeza absoluta da situação delas e da gravidade. No oitavo mês, nós viemos para Goiânia”, relatou o pai, o agricultor Jeiel dos Santos Guedes.

De acordo com Calil, cerca de sete meses antes de engravidar, a mãe dos bebês foi exposta a agrotóxicos, já que ela vive em uma zona rural. Ele suspeita que essa seja a causa da gravidez com gêmeos siameses.

“Estudos comprovam que essas alterações no meio ambiente podem causar má formação em fetos. No caso delas, em específico, acredito que os agrotóxicos tenham sido os responsáveis. Porém, não existe ainda uma literatura médica que comprove essa ligação”, afirmou o cirurgião.

Separação
A cirurgia foi considerada "muito complicada" pela equipe médica. Segundo Calil, uma das gêmeas estava sobrecarregando os órgãos e o sistema circulatório da irmã. Além disso, a má formação de determinados órgão dificultou todo o processo. “Havia um vaso de grosso calibre que fazia uma ponte, unindo os dois corações. Tivemos que romper e suturar essa ponte. Além disso, o fígado que as duas compartilhavam era muito espesso para as duas o que dificultou todo o processo”, relata.

Além dessas dificuldades, uma das gêmeas teve uma parada cardíaca durante a operação, mas foi revertida pela equipe na sala cirúrgica. Por fim, Calil destaca que, como as siamesas não tinham pele suficiente para cobrir o local da operação. Então, foi necessário usar telas de tecido artificial para fazer o preenchimento.

De acordo com o HMI, 12 profissionais, entre cirurgiões pediátricos, médicos intensivistas, anestesistas, cardiologistas, nefropediatra e enfermeiros participaram da cirurgia de separação.
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