A um preço total de R$ 163,3 mil por ano, a Câmara Municipal de Linhares, no Norte do Espírito Santo, passou a ter sete veículos à disposição, até março de 2016. Pelo contrato vigente até então, a Casa só locava três veículos, a um custo anual de R$ 48.950,00. A nova frota inclui um luxuoso modelo Toyota Corolla (para os membros da Mesa Diretora), um Voyage e cinco Gol motor 1.6.
Nem mesmo as Câmaras de municípios da Grande Vitória disponibilizam semelhante benefício aos edis. A exceção é a de Cariacica, que abriu licitação para a locação de 21 veículos – mas o presidente da Casa, Cesar Lucas (PTC), já admite que, por ele, o contrato não será celebrado.
Já em Linhares, segundo a assessoria da Câmara, o Corolla ficará a serviço da Mesa, enquanto os outros seis carros serão usados pela administração e pelas comissões permanentes. E aí vem o primeiro problema: só há duas comissões na Casa, a de Finanças e a de Justiça.
Para justificar o aumento da frota e, por extensão, da despesa, a Câmara informou que o motivo seria a transferência da sede do Legislativo, do Centro da cidade para o bairro Colina. Eis, então, o segundo problema: a distância entre o antigo endereço e o novo é de não mais que um quilômetro (ou cinco minutos de carro), fato verificado pela reportagem, que, ontem, realizou o percurso entre os dois prédios.
A expansão do contrato de locação de carros é criticada pelos vereadores Amantino (PMDB), José Cardias (PSD) e Fabrício Lopes (PMDB), que hoje fazem oposição ao prefeito Nozinho Corrêa – ao qual o presidente da Câmara, Miltinho, se aliou. “Sou totalmente contra. Os políticos devem ter cuidado num momento de crise como este. Não vou usar os carros, até porque não estou em comissões. Mas, se fosse oferecido, dispensaria”, opinou Amantino.
Fabrício e Cardias não são contra o contrato, mas a quantidade. “É lógico que há necessidade dos carros para alguns trabalhos relativos às comissões e à Mesa. Para essa finalidade, sim. Mas a quantidade anterior era suficiente”, avaliou o primeiro.
Cardias concorda que três carros bastariam. “Alguns distritos ficam a 140 km do centro, e os vereadores precisam ir lá antes de aprovar leis. É importante ter uma estrutura mínima. Mas, quando presidi a Câmara (2011-2012), três eram mais do que suficientes”, disse.
