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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Após prisão de Vaccari, oposição ataca o PT; aliados pedem cautela

A prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na manhã desta quarta-feira (15), na mais recente etapa da Operação Lava Jato, repercutiu no mundo político. Ao comentar a detenção do dirigente petista, parlamentares da base aliada disseram esperar que Vaccari esclareça rapidamente as acusações contra ele. A oposição, por outro lado, ressaltou que a prisão do tesoureiro demonstra que irregularidades atingiram o alto escalão do PT.


Vaccari foi preso em sua casa, em São Paulo. Ele é suspeito de ter recebido propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Integrante da CPI da Petrobras na Câmara, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse ao G1 que os esclarecimentos de Vaccari à comissão na semana passada foram convincentes. Segundo ela, apesar da detenção, o partido mantém a "confiança" no dirigente. “Do ponto de vista político, mantemos confiança de que ele não cometeu nada de errado”, ressaltou Rosário.

“Avaliamos que, do ponto de vista político, os esclarecimentos dele foram feitos à CPI e ao partido. [...] A dimensão judicial precisa ser abordada pelos advogados”, complementou a petista.

O senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), disse que o Brasil é protagonista de uma cena absolutamente inédita.

"O responsável pelas finanças do partido que governa o Brasil hoje está preso e com sucessivas acusações", afirmou. "Este é o mais triste retrato de um partido político que abdicou de um projeto de país para se manter a qualquer custo no poder", criticou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também comentou a prisão de Vaccari. “À gente só cabe assistir e lamentar, e vamos ver o que que isso vai dar”, afirmou Cunha.

O peemedebista preferiu não se estender nos comentários, mas observou que o tesoureiro do PT já responde a uma ação penal e depôs à CPI da Petrobras. "Eu acho que esse é um problema que está sendo discutido pelo Poder Judiciário”, disse.

O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), disse que, em razão de Vaccari ser “o homem do dinheiro do PT”, ele havia sido protegido pelo partido até o momento em que foi preso.

“Essa prisão [de Vaccari] é a comprovação de que a corrupção na Petrobras tinha como finalidade o uso dos recursos desviados para financiamento ilegal de financiamento de campanha do PT e aliados”, destacou o líder do DEM.

Mendonça Filho disse que, na opinião dele, o PT errou ao não afastar Vaccari do cargo de tesoureiro “porque os indícios da participação dele no esquema eram grandes e graves”.

Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), a prisão de Vaccari é "política". Ele criticou as delações premiadas e disse estar "desconfiado de que existe uma orientação deliberada (...) para prejudicar o PT".

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), declarou, em nota, que a prisão de Vaccari "confirma que o PT é financiado pelo crime". Ele disse, ainda, que a prisão do tesoureiro do PT "complica a situação da presidente Dilma porque evidencia que ela se beneficiou do esquema de corrupção na Petrobras".

Questionamentos
Embora destaque que “decisão da Justiça se cumpre”, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que cabe exclusivamente ao PT avaliar o momento em que um de seus dirigentes deve ser afastado da direção. “O PT toma as decisões que bem entender. Cada partido resolva como entender melhor”, enfatizou.

O parlamentar petista, entretanto, defendeu que o tesoureiro da sigla responda às indagações da Polícia Federal em torno do suposto envolvimento de Vaccari com as irregularidades cometidas na Petrobras. “Foi decretada a prisão para que ele responda questionamentos da polícia sobre atuação dele. [...] Esperamos que ele esclareça o que aconteceu.”

O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), lembrou, por meio de nota, que é a segunda prisão de um tesoureiro do PT, referindo-se ao fato de que o ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenado no processo do mensalão do PT, cumpriu pena em presídio.

"O PT não tem credencias de partido político, e sim de lavanderia. O partido é reincidente ao ter o tesoureiro Vaccari, sucessor de Delúbio Soares, flagrado e preso por arrecadar dinheiro desviado de empresas públicas para alimentar suas campanhas e encher os bolsos de seus dirigentes", escreveu Caiado.

O parlamentar do DEM ponderou ainda que a prisão de Vaccari abre caminho para o PT perder o registro de partido político.

“Tudo caminha para que o PT perca o registro de partido político. E, comprovado que a presidente Dilma foi beneficiada por esse esquema em suas campanhas, será mais que suficiente para ela perder o mandato por corrupção", disse Caiado. Ele afirmou que Vaccari pode “se livrar de uma punição máxima” se fizer um acordo de delação premiada.

Aliado do PT, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que sua sigla apoia e aguarda as investigações da Operação Lava Jato, que também apura o suposto envolvimento de políticos peemedebistas no esquema de corrupção.

"Nós queremos que as investigações sejam rápidas para que, efetivamente, quem tiver responsabilidade responda pela responsabilidade. Então é muito importante para o Brasil que isso seja passado a limpo e todos devem ser investigados”, declarou.

Já o líder do Bloco Parlamentar da Oposição no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que a prisão de Vaccari é consequência das investigações e ajudará o processo. “Os fatos são da maior gravidade e exigiram a prisão como forma de possibilitar o avanço das investigações. [...] A prisão é recomendada em nome da eficiência da investigação”, disse.

O Partido dos Trabalhadores enviará uma nota à imprensa até o fim desta quarta-feira para se posicionar sobre a prisão de Vaccari, segundo informou o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE). “Eu não tenho informação suficiente para fazer um julgamento se a prisão cabia ou não cabia. Até o presente momento, várias coisas que foram alegadas não foram apresentadas em termos de provas”, disse.

Costa disse que era “uma questão de foro íntimo” a decisão sobre o afastamento de Vaccari do posto de tesoureiro do partido. “Entendemos que, da mesma forma no parlamento ninguém se afastou das suas atividades, em outros partidos ninguém se afastou, apesar de responderem a inquéritos, deveria ser uma decisão dele permanecer ou não”, afirmou. “A decisão dele foi de ficar e teve o apoio de todos”, completou.

O presidente nacional do Democratas, José Agripino (RN), disse que será necessário confrontar o depoimento de Vaccari à CPI da Petrobras e os fatos que levaram à prisão. “A prisão do tesoureiro do PT, mantido na função, não pode deixar de ser vista como a prisão preventiva do próprio PT”, disse, por meio de nota.
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