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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Investir no Tesouro Direto é mais barato que ir ao cinema

Com o alto patamar da taxa Selic - que foi mantida aos 14,25% ao ano pelo Copom -  investimentos de renda fixa têm oferecido retornos atraentes, já que muitos deles acompanham as flutuações da taxa básica de juros.


Os títulos públicos, vendidos pelo Tesouro Direto, são uma das opções que o investidor tem para nadar na maré dos juros altos, de forma segura e confortável. E o melhor: eles são a opção mais democrática.

Para não cometer injustiças, vale dizer que a poupança poderia dividir com o Tesouro Direto o prêmio de investimento mais democrático do Brasil, mas como ela não acompanha as flutuações da taxa Selic (depois que a taxa passa dos 8,5% ao ano), apesar de ser democrática, ela não é muito lucrativa, por isso não merece grandes destaques.

Como os investimentos de renda fixa tendem a pagar rendimentos em linha com a taxa Selic, e a poupança rende sempre 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) quando a taxa básica passa dos 8,5% ao ano, o retorno da caderneta tem ficado bem abaixo do de outras aplicações, que se beneficiam com o alto nível da taxa básica.

Nos tópicos a seguir são apresentadas algumas características dos títulos públicos que mostram por que eles poderiam ganhar o troféu de investimento mais democrático do país – caso a poupança fosse desclassificada da competição. Confira.

1) Basta ter um CPF para investir

Qualquer brasileiro que possui um Cadastro de Pessoa Física (CPF) pode investir nos títulos públicos, desde que abra uma conta em um dos agentes de custódia, que são instituições financeiras, como bancos e corretoras, habilitadas a operar no Tesouro Direto, plataforma online de negociação dos títulos públicos.

Já em outros investimentos, um CPF pode não dizer nada se o investidor não tiver alguns milhares de reais, ou até centenas de milhares de reais.

2) É possível investir pelo valor que você pagaria em um ingresso de cinema (ou menos)

Em vez de comprar um título inteiro, o investidor pode comprar apenas uma parte, desde que essa fatia não seja menor do que 1% de um título e que o valor seja superior a 30 reais.

Ou seja, é possível investir nos títulos públicos pelo valor que você gastaria com uma entrada inteira no Cinemark (valor do ingresso para sessões de quinta-feira a domingo, no Shopping Eldorado), ou até menos, se o ingresso for comprado para as salas 3D, que chegam a custar 37 reais a inteira. Mas existem algumas regras.

O título mais barato à venda hoje, o Tesouro IPCA+2035, custa 666,67 reais. Nesse caso, o investidor não poderá comprar 1% do título, porque o valor equivalente a 1% seria de 6,66 reais. Para respeitar o aporte mínimo de 30 reais, é preciso comprar ao menos 5% desse título, o equivalente a 31,66 reais – como as parcelas compradas devem ser múltiplos de 1% não é possível comprar 4,63% do título, que seria o equivalente a 30 reais.

Já no caso do título mais caro, o Tesouro Selic 2021, como o valor é de 7.215,95 reais, não é possível investir apenas 30 reais porque o valor corresponde a 0,41% do título e a compra mínima é de 1% do título. Portanto, o investimento mínimo no título será de 72,15 reais, que equivale a 1% do título.

3) O investidor que aplica 30 reais ganha o mesmo que aquele que investir 1 milhão de reais

O investidor que quiser aplicar 1 milhão de reais em um título – valor máximo de investimento em um mês – recebe exatamente a mesma rentabilidade de um investidor que aplicar o limite mínimo de 30 reais, caso eles comprem um título na mesma data e o levem até o vencimento, ou caso comprem o título ao mesmo tempo e o vendam antecipadamente, também no mesmo momento.

"O Tesouro garante a recompra diária dos títulos, assim o investidor pode vender os títulos antecipadamente, quando quiser. E a taxa pela qual o Tesouro recompra os títulos é exatamente a mesma, independentemente do montante investido", diz Betty Grobman, professora de finanças e sócia da BSG DuoPrata Treinamentos.

Essa é uma grande vantagem do Tesouro Direto em relação a outras aplicações. Fundos de investimento e títulos bancários, como CDBs, LCIs e LCAs,  costumam oferecer retornos mais atrativos para investidores que aplicam quantias maiores. No caso dos fundos, ainda, as taxas de administração também podem ser mais salgadas nos fundos que aceitam aportes menores, voltados a pequenos investidores.

4) Você pode investir com diferentes instituições

Para comprar um título público, o investidor precisa abrir conta em um dos agentes de custódia, que são corretoras e bancos autorizados a negociar os títulos. Atualmente, existem 70 agentes de custódia e o investidor pode escolher qualquer um deles para investir, sendo que as opções incluem desde bancos de investimentos mais sofisticados, até instituições mais populares, com custos que atendem a todos os bolsos.

Essas instituições podem cobrar taxas de administração pelo investimento, mas algumas chegam a isentar o investidor dessa cobrança. Assim, as taxas variam entre 0% a 2% ao ano (confira as taxas cobradas por cada instituição).

Vale lembrar que, além da taxa de administração, existe uma taxa de custódia da BM&FBovespa, de 0,30% ao ano, sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos.

5) Os títulos atendem desde os investidores mais conservadores até os mais agressivos

Os títulos públicos se diferenciam pelo seu tipo de remuneração. Enquanto alguns são prefixados e pagam uma taxa de juro que é definida no momento da aplicação, outros são pós-fixados, o que significa seu valor é corrigido por um indexador, como a taxa Selic e o IPCA. O grande perigo está nos títulos prefixados, que podem levar o investidor a perder dinheiro.

Em primeiro lugar, vale ressaltar que a rentabilidade informada na compra de qualquer título é garantida se o investidor levá-lo até o seu vencimento. No entanto, eles podem gerar prejuízos se forem vendidos antes do prazo porque sofrem o efeito da chamada marcação a mercado. Essa marcação é feita para mostrar qual seria o valor pago pelo título se ele for vendido antecipadamente.

De maneira muito resumida é possível dizer que o prejuízo acontece quando o investidor compra o título e a tendência é de alta da taxa básica de juros (veja com mais detalhes por que alguns títulos são mais arriscados que outros).

Para exemplificar, suponha que um investidor comprou um título prefixado que paga uma taxa de 10% ao ano - em linha com o comportamento esperado para a taxa Selic durante o investimento - e novos títulos passam a ser emitidos a taxas de 12% ao ano. Para que o governo recompre o título com a taxa de 10% antes do vencimento, seu valor é marcado a mercado e seu preço sofre um desconto para que, mesmo com a taxa de 10%, seu retorno fique em linha com o rendimento dos novos títulos, que pagam 12% ao ano.

O movimento oposto também acontece. "Se alguém comprar um título agora e a taxa básica começar a cair, ao vender o título antecipadamente, seu preço vai subir muito e ele pode ter uma rentabilidade muito superior à que ele teria se levasse o título ao vencimento", diz Betty Grobman.

Esses ganhos e perdas mais acentuados podem ocorrer na venda antecipada de títulos prefixados, mas existe uma opção de título que não apresenta risco de perdas se for vendido antes do vencimento, o Tesouro Selic.

Como esse título paga ao investidor a variação diária da taxa Selic, ele sempre está alinhado com as taxas de mercado, por isso ele não precisa ser vendido com grandes descontos ou acréscimos para ficar em par com outros títulos à venda no mercado. Ele pode sofrer apenas um pequeno deságio, dependendo da demanda pelo título no momento da venda antecipada.
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