20 Mar 2016 - 09:43
Agência Brasil
O advogado de Salah Abdeslam vai apresentar queixa contra o procurador de Paris, que no sábado (19) revelou à imprensa partes do interrogatório ao suspeito dos atentados de Paris, noticiou hoje (20) a imprensa belga.
O procurador, François Molins, revelou que na noite dos atentados Abdeslam “queria fazer-se explodir no Stade de France [estádio de futebol]”, mas “fez marcha atrás”.
“A leitura de parte da audição de Abdeslam em entrevista à imprensa constitui uma violação”, disse o advogado do suspeito, Sven Mary, ao diário belga Le Soir, acrescentando que vai apresentar queixa na segunda-feira (21).
“Ele violou o segredo de justiça. Até agora ninguém tinha dado pormenores da investigação, apenas sobre o estado de saúde do meu cliente e sobre os trâmites do processo”, disse o advogado a um outro diário, o De Standaard.
O Código Penal francês, que enquadra o segredo de justiça, permite em determinadas circunstâncias que um procurador não esteja obrigado a respeitá-lo, segundo a agência France Presse.
No sábado, Abdeslam, alvo de um mandado de captura internacional, foi formalmente acusado pela justiça belga de “homicídios terroristas” e “participação em atividades de organização terrorista”.
No mesmo dia, o advogado Sven Mary anunciou que vai recusar a extradição para França.
O procurador francês afirmou horas depois que essa recusa não impede a extradição, esclarecendo que o pedido de França não é um pedido de extradição mas um mandado de detenção europeu, de tramitação muito rápida.
Segundo o ministro da Justiça francês, Jean-Jacques Urvoas, Abdeslam será entregue a França no prazo máximo de três meses.
“A decisão definitiva deve ser tomada no prazo de 60 dias a contar da data da detenção ou 90 dias se ele recorrer”, afirmou o ministro num comunicado.
Os atentados de 13 de novembro em Paris, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, fizeram 130 mortos e mais de 300 feridos.