29 Mar 2016 - 11:39
G1
Foto: Reprodução
Nesta segunda-feira (28), a família da criança só conseguiu a liberação do corpo após cinco horas de espera no Instituto Médico Legal (IML). Segundo o laudo da necrópsia, a causa da morte de Ryan foi hemorragia interna, causada por perfuração da artéria subclava direita, provocada por objeto perfuro-cortante. "Achei que fosse mais rápido. A gente sofre para tudo", explicou um parente de Ryan, que preferiu não se identificar. No IML alguns funcionarios fazem greve.
O avô, Milton do Amparo, também disse estar muito chocado com a situação. "Muito chocado. Não só a família, como toda a comunidade. Uma tragédia que a gente nunca esperava. A gente vê na televisão e pensa que nunca vai acontecer com a gente", disse Milton.
Imagens do circuito interno de câmeras do Consórcio BRT registraram o momento em que um grupo invadiu e depredou a Estação Otaviano, no Corredor Transcarioca. Ainda na manhã desta terça, a Estação Otaviano e Vila Queiroz continuavam fechadas e sem previsões de reabertura.
A confusão e ações de vândalos que culminaram na depredação ocorreram por volta de 13h, quando manifestantes tomaram a Edgar Romero em protesto pela morte do menino Ryan Gabriel.
Sonhava em ser militar
Milton do Amparo, de 48 anos, avô do menino, conta que tem sete netos, mas Ryan Gabriel era o mais agarrado com ele. O menino o estava visitando quando foi atingido pelo disparo.
"Ele adorava me visitar nos fins de semana, ele gostava de ficar com a gente", contou o avô, emocionado.
Ryan sonhava em entrar para o Exército desde o último feriado de Sete de Setembro, quando os avós o levaram para ver a parada militar.
"Ele achava bonito marchar, sonhava em andar de moto e naqueles cavalos do Exército. Via os comboios com soldados na rua e falava: 'Olha o marcha soldado, vovô'. E eu dizia que ele poderia ser um, se estudasse", relembrou Milton do Amparo.
Tentando realizar o sonho do neto, ele comprou uma motoicleta elétrica no Natal. Por um erro, o brinquedo foi entregue no local errado e a família entrou na Justiça para buscar uma indenização.
"Mesmo atrasado, ia valer a pena receber a moto se ele estivesse aqui. Mas e agora, sem o Ryan? O que vamos fazer?", perguntou o avô. MIlton contou que Ryan estava ao lado dele quando foi baleado.
"Quando deu o tiro, eu puxei ele, ele caiu no chão. Quando levantei ele, já tava alvejado com a bala. O médico disse que a bala entrou nas costas e saiu no peito. Num domingo de Páscoa, ninguém acredita que vá acontecer uma coisa dessa. O único ovo que ele comeu foi um coelhinho que eu dei para ele", acrescentou.