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Domingo, 05 de maio de 2024

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Guia leva turistas para passeios ilegais na zona proibida de Chernobyl

Ucraniano cobra US$ 300 por passeio em área evacuada após acidente nuclear há 30 anos


Por medida de segurança, a usina de Chernobyl, local do pior acidente nuclear da História, em abril de 1986, é isolada por uma zona de exclusão com raio de 30 quilômetros. Com o passar do tempo e a redução dos níveis de contaminação, algumas partes dentro da área segura foram abertas para visitação. Desde 1999, empresas oficiais são autorizadas pelo governo ucraniano para oferecerem passeios turísticos, mas, de um tempo para cá, aventureiros começaram a ingressar ilegalmente na região. Conhecidos como stalkers — nome inspirado em uma série de videogame —, eles burlam os pontos de controle para explorar lugares não habitados pelo homem há três décadas ou apenas observar o pôr do Sol do alto dos conjuntos habitacionais soviéticos de Pripyat.

O jovem Kirill Stepanets, de 27 anos, é um deles. Louco ou destemido, ele faz das visitas à zona proibida o seu ganha pão. Ele conta que a primeira vez que entrou na Zona de Exclusão de Chernobyl (ZEC) foi em 2009, num tour oficial, e dois anos depois fez sua primeira visita ilegal. Desde então, não parou mais. De um tempo para cá, começou a cobrar para levar turistas onde os passeios oficiais não chegam. Para ucranianos, uma visita de um dia custa US$ 50, mas para estrangeiros, o preço chega a US$ 300.

— Eu vivo há duas horas de distância de Chernobyl, então por que não ir? — diz Stepanets. — Eu cheguei a trabalhar com as agências oficiais, mas agora estou de volta à ilegalidade. As visitas são com maior liberdade, com mais oportunidades e coisas interessantes.

Stepanets conta que há alguns anos, existiam pouco mais de uma dezena de stalkers como ele, que oferecem visitas guiadas ilegais. Agora, são centenas. Ele estima que entre 200 e 300 pessoas entrem ilegalmente na ZEC diariamente. Os passeios podem ser de apenas um dia ou durar uma semana. O pernoite acontece em casas ou apartamentos abandonados em vilas ou nas cidades que foram evacuadas após o desastre.

Para conhecer Pripyat, a maior e principal cidade da zona de exclusão, é preciso um passeio de ao menos quatro dias, já que a caminhada até os limites da ZEC dura dois dias. Para os fãs de videogames, a cidade foi fielmente retratada no jogo “Call of Duty 4: Modern Walfare”. Lá, os visitantes podem sentir como era a vida em uma cidade soviética com os resquícios do cotidiano de seus ex-moradores. Segundo o jovem guia, este é o destino mais procurado por seus clientes, que desejam observar a cidade morta do alto dos edifícios.A aventura parece tentadora, mas existem riscos. Os efeitos da radiação sobre o organismo não são bem conhecidos e como os passeios são livres, existe a possibilidade de se passar por um local com altos níveis de contaminação. Além disso, a entrada não autorizada na ZEC é ilegal, sob risco de multa ou até mesmo prisão. Policiais vigiam a região, principalmente para impedir o roubo de material contaminado. Como as cidades foram evacuadas às pressas, os moradores tiveram que abandonar tudo o que possuíam.

— Eu não uso medidores de radiação nem roupas especiais — conta Stepanets. — Pode ser perigoso, mas eu não ligo.

E como a intenção é conhecer exatamente os lugares não explorados ao longo dos últimos 30 anos, os riscos são maiores. Nas incontáveis visitas que fez à zona proibida, Stepanets conta ter visto coisas estranhas, como os restos de um animal com duas cabeças, provavelmente por mutações provocadas pela radiação, e restos de corpos humanos em casas abandonadas. E anos após a primeira visita, o jovem ainda lembra da primeira impressão que teve ao visitar as cidades abandonadas:

— Parece ficção. Existe um vazio, com edificações mortas e o mais importante, não existem pessoas.



 
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