As manifestações recentes do governo federal, por intermédio da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, favoráveis a que a Petrobras seja operadora única dos campos de pré-sal, conforme defendeu o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), em discurso na Câmara, em abril deste ano, poderá livrar o País de um prejuízo de até um bilhão de dólares por dia.

No seu discurso, o deputado Bezerra citou o economista da Universidade de São Paulo, Ildo Sauer, um dos maiores especialistas internacionais na área de energia, em análise sobre a exploração da riqueza do pré-sal. Conforme Sauer, o modelo de exploração foi criado em 1997, quando os contratos embutiam um prêmio para quem corresse o risco exploratório.

“No pré-sal não existe mais risco exploratório, conforme observa Ildo Sauer. O modelo atual de concessões, portanto, não tem mais sentido, pois premia outras empresas pelo risco que foi corrido não por elas, mas pela Petrobras, que há décadas se capacita para explorar o petróleo submarino, e hoje é a melhor empresa de exploração petrolífera em águas profundas”, disse Bezerra.

Conforme o economista, o modelo de exploração do petróleo vigente é baseado nos mesmos princípios do sistema financeiro internacional criado nos anos 1980, “que acabou de ruir”. Portanto, ele defende o fim de novos contratos de concessão para a exploração do petróleo em toda a área do pré-sal.

“O Tesouro Nacional, acionista controlador da Petrobras, por meio do governo federal deve contratar a estatal, cuja tecnologia é a melhor do mundo”, defendeu Bezerra, no seu discurso. “Por que deveríamos entregar a exploração desse petróleo de excelente qualidade a empresas com menor capacidade técnica do que a Petrobras?”, questionou.

A riqueza do pré-sal estende-se do Espírito Santo a Santa Catarina, numa área de 200 quilômetros de largura por 800 quilômetros de comprimento. Sem o pré-sal, a Petrobras já agrega diretamente 150 bilhões de dólares por ano à economia nacional.

Quando o petróleo do pré-sal foi descoberto pela Petrobras, conforme Bezerra, o fato mudou todas as perspectivas da indústria petroleira nacional. “Faz sentido, portanto, pensar num novo marco regulatório para a exploração dessa riqueza. A questão também é estratégica, por razões geopolíticas, econômicas e até militares”, afirmou.