Depois do esforço dos aliados para arquivar as 11 acusações no Conselho de Ética, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pode se tornar alvo de uma nova representação por quebra de decoro parlamentar. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou nesta segunda-feira que vai discutir com a bancada do PDT uma ação contra Sarney por causa da denúncia de que dois apartamentos ocupados pela família do peemedebista estão em nome de empreiteiras.

Cristovam disse que o discurso do presidente do Senado de que teria comprado um dos imóveis e o outro teria sido pago por um de seus filhos não convenceu. O pedetista afirmou que estranhou o fato de Sarney ter se posicionado contra a investigação da denúncia.

Segundo Cristovam, se o jornal "O Estado de São Paulo", que publicou a informação sobre a propriedade dos apartamentos, não desmentir a informação, a denúncia representa quebra de decoro parlamentar.

"Vou discutir e tentar que o meu partido entre com uma representação para esclarecer tudo isso, se amanhã 'O Estado de S. Paulo' não pedir desculpas ao senador Sarney. Se jornal pedir desculpas, muito bem. Se o jornal reafirma e trouxer mais dados, desfaz o que disse o senador ou mostra que foram incompletas as explicações. Nós não temos outra saída a não ser apresentar mais uma representação e continuar esse sofrimento contínuo que nós estamos vivendo há tantos meses", afirmou.

O presidente do Senado negou segunda-feira em plenário que os imóveis teriam sido adquiridos e registrados em nome da empreiteira Aracati. Sarney fez duras críticas à imprensa e ao que chamou de "campanha nazista" contra a sua permanência no cargo. parlamentares.

Seguindo a orientação dos aliados de Sarney, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), lançou mão da prerrogativa do cargo e arquivou sem discussão 11 acusações contra o peemedebista. Na quarta-feira, o colegiado vai analisar os recursos contra o engavetamento.

As representações arquivadas tratam do suposto envolvimento do senador com a edição de atos secretos no Senado, da suspeita de que teria interferido a favor de um neto que intermediava operações de crédito consignado para servidores da Casa e de ter supostamente usado o cargo em favor da fundação que leva seu nome e mentido sobre a responsabilidade administrativa pela fundação.