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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Campanha eleitoral termina no Afeganistão sob risco de boicote

Milhares de afegãos ocuparam nesta segunda-feira o estádio de Cabul para dar seu apoio ao principal candidato opositor nas eleições presidenciais afegãs, Abdullah Abdullah, no último dia da campanha para o pleito, no qual os talebans reiteraram a convocação ao boicote às urnas.


Com o presidente afegão, Hamid Karzai, como favorito à vitória, as eleições acontecem nesta quinta-feira (20) em um clima de completa incerteza devido às ameaças dos insurgentes, que consideraram o pleito como "propaganda" americana em um comunicado postado na internet.

Os talebans negaram que fizeram um acordo para permitir o processo eleitoral, como foi anunciado em julho pelas autoridades na cidade de Bagdhis, e asseguraram que "a maioria do Afeganistão" está sob seu controle, motivo pelo qual "não há possibilidade de realizar eleições, salvo em algumas poucas cidades e centros provinciais".

Mesmo com a ameaça fundamentalista, milhares de pessoas seguiram rumo ao estádio da capital do Afeganistão para receber Abdullah, dentista e ex-ministro de Assuntos Exteriores que aparece nas pesquisas de opinião como o principal adversário de Karzai. O candidato chegou ao palanque entre empurrões e arrastado por uma horda de seguidores que a sua segurança privada --tadjiques armados com fuzis Kalashnikov-- mal pôde conter, tanto que várias pessoas se machucaram.

No estádio, os partidários de Abdullah davam gritos de apoio a seu candidato, antigo braço direito de Ahmed Shah Massoud, líder da Aliança do Norte morto por fundamentalistas em 2001, cujas fotografias dominavam o estádio.

"Todo mundo no Afeganistão quer uma mudança e temos certeza de que ganharemos", disse à agência de notícias Efe um porta-voz da campanha, enquanto um helicóptero branco jogava panfletos sobre o estádio para o delírio dos presentes, com mensagem a favor da mudança.

Segundo última pesquisa divulgada, publicada pelo instituto americano IRI, Abdullah receberia 26% dos votos, bem atrás de Karzai, com 44%, resultado que levaria os dois candidatos a um segundo turno. "Ajudarei a juventude, todos devem me apoiar ao desenvolvimento nacional do Afeganistão. Me ajudem a ganhar e eu os ajudarei", gritava o candidato diante dos microfones enquanto a multidão cantava seu nome e chamava Karzai de "inútil".

De acordo com analistas os votos para Abdullah, que tem pai pashtun e mãe tadjique, virão principalmente desta última etnia, a segunda mais numerosa do país e cujos representantes foram em massa ao estádio de Cabul, local que já foi usado pelos talebans para matar réus.

Taleban

As eleições presidenciais estão marcadas pela ameaça de boicote dos talebans e as suas tentativas de atrapalhar o processo com ações como o atentado deste sábado (15) contra o quartel-general da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, na sigla em inglês) no Afeganistão, que deixou sete mortos.

Embora o governo afegão tenha prometido mobilizar seus recursos para proteger o pleito, o ministro do Interior, Mohammed Hanif Atmar, reconheceu à Efe neste domingo que as suas forças não serão totalmente capazes de garantir a segurança do processo eleitoral.

Karzai

Em sua corrida para vencer já no primeiro turno, ou seja, com mais de 50% dos votos, Karzai dedicou esta segunda-feira ao descanso enquanto a sua equipe anunciou a retirada de quatro candidatos à Presidência que darão seu apoio ao chefe de Estado. "Nos reunimos com ele e vimos que está comprometido com a democracia e o desenvolvimento do Afeganistão", disse à Efe um deles, o médico Nasin Anis, que negou ter negociado um posto em um hipotético novo governo de Karzai.

O presidente, da etnia pashtun, somou até agora o apoio de dez candidatos e aposta em conseguir os votos das diferentes etnias afegãs, embora seus rivais o acusem de ter se "entregado" aos caudilhos e antigos "senhores da guerra" para chegar a esse objetivo.

"Vendo o tipo de participação política e nacional que criamos e o fato de dez candidatos nos apoiarem, as coisas funcionaram bem", explicou à Efe o porta-voz da campanha de Karzai, Waheed Omar.
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