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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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​IRREGULARIDADES

Auditoria na execução do contrato do Ganha Tempo aponta 105 mil ‘atendimentos fantasmas’

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Auditoria na execução do contrato do Ganha Tempo aponta 105 mil ‘atendimentos fantasmas’
A auditoria realizada na execução do contrato de parceria público-privada para gestão das unidades do Ganha Tempo apontou que cerca de 105 mil senhas geradas entre março de 2018 e fevereiro de 2019 eram inexistentes, replicadas ou não atendidas. Em cerca de 60 mil destas senhas o tempo de atendimento teria sido de até 15 segundos.

 
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A Controladoria Geral do Estado (CGE-MT) esclareceu que o objeto de auditoria foi a execução do contrato de parceria público-privada firmado em outubro de 2017 entre a então Secretaria de Trabalho e Assistência Social – Setas (atual Setasc) e o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo SPE S/A para a gestão das unidades do Ganha Tempo. O trabalho não se voltou à análise do processo licitatório, já que outros órgãos de controle já tinham atuação neste quesito.
 
Foram elaborados dos relatórios, que trouxeram a identificação de irregularidades como a emissão indevida de senhas, para efeito de recebimento de contraprestação do Estado, já que o contrato prevê pagamentos com base no quantitativo de atendimentos realizados.
 
De acordo com a CGE, de março de 2018 a fevereiro de 2019 foram geradas 979 mil senhas nas unidades do Ganha Tempo (o que gerou o faturamento de R$ 16,5 milhões), das quais 105 mil foram consideradas irregulares (senhas inexistentes, replicadas ou não atendidas por desistência do usuário, por exemplo).
 
O órgão esclareceu que no trabalho, os auditores se detiveram principalmente à análise da emissão de 105 mil senhas com registro de tempo de atendimento de até 30 segundos, o que, segundo eles, seria impraticável para os 102 serviços oferecidos nas unidades do Ganha Tempo, ainda que considerando o serviço mais simples.  
 
No caso, as 105 mil senhas com registro de tempo de atendimento de até 30 segundos foram registradas para serviços que, de acordo com dados do próprio sistema do Consórcio, têm média de atendimento de 34 minutos, como: justificativa de voto, negociação de débitos com a Procuradoria Geral do Estado (PGE), emissão de título, solicitação de seguro-desemprego, busca de informações sobre programas sociais da Setasc etc.
 
Os relatórios ainda apontaram que, das 105 mil senhas, cerca de 60 mil possuem registros de tempo de atendimento de até 15 segundos. Para calcular o tempo de atendimento, a CGE considerou a partir da chamada eletrônica (no painel). Portanto, os auditores consideraram o tempo total de atendimento desde o chamamento da senha.

Dessa forma, a CGE afirma que ainda que o atendente da concessionária tenha incorrido no erro de iniciar atendimento antes de efetuar o comando no sistema, o tempo de 30 segundos apresentado pelos auditores já considerou essa condição.
 
Os auditores também identificaram que 99% das senhas registradas com tempo total de 30 segundos tiveram atendimento avaliado como ótimo, o que determina que 12% das avaliações registradas como ótimas são oriundas dos atendimentos irregulares identificados (senhas inexistentes, replicadas ou não atendidas por desistência do usuário, por exemplo).
 
Em um dos relatórios, a CGE traz evidências da fragilidade do registro de avaliação, ao demonstrar que a ferramenta permite ao atendente realizar a avaliação no lugar do usuário dos serviços do Ganha Tempo.
 
A CGE também esclareceu que o valor de R$ 19,35 por atendimento apresentado em um de seus relatórios não é um achado de auditoria, ou seja, não é uma constatação de que o Consórcio faturou o valor para cada atendimento, ao invés dos R$ 13,88 previstos no contrato.
 
Os R$ 19,35 a que a CGE se refere é resultado da análise apresentada no relatório para determinar que o incremento de atendimentos irregulares modifica a relação direta entre o Estado e a concessionária. Na análise, a CGE demonstra que o valor efetivo que ela está desembolsando por atendimento não é de R$ 13,88, mas de R$ 19,35, considerando a regra contratual que garante ao contratado o pagamento de no mínimo 80% da demanda prevista e excluindo as 105 mil senhas para as quais não houve atendimento.
 
Diante das irregularidades constatadas, a CGE emitiu diversas recomendações à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), atual órgão gestor do referido contrato desde abril/2019. Uma delas é a instauração de processo administrativo para possibilitar a ampla defesa e o contraditório à Concessionária, ação esta que se encontra na fase de instrução.
 
Por fim, a CGE destaca que tem a convicção do trabalho porque foi realizado de maneira minuciosa, com base em critérios técnicos e com o auxílio de cruzamentos eletrônicos de dados, inteligência da informação e testes presenciais. Os relatórios são públicos e estão disponíveis no site da Controladoria, no menu superior Auditoria e Controle/Relatórios.

O contrato
 
Oriundo da Concorrência Pública nº 01/2016/SETAS, o Contrato nº 62/2017/SETAS foi assinado no dia 10 de outubro de 2017 com o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo SPE S/A para a implantação, gestão, operação e manutenção de 07 (sete) unidades de atendimento do Ganha Tempo, localizadas nos municípios de Barra do Garças, Cáceres, Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Sinop e Várzea Grande, por um período de 15 anos (2018 a 2032).
 
O valor inicial da contratação era de R$ 398.707.945,30 para uma demanda estimada de 29.978.041 atendimentos até 2032. Em 11/052018, o contrato foi aditado (inclusão da UGT Ipiranga), passando ao valor de R$ 461.032.821,30 e assumindo uma demanda total estimada de 36.748.821 atendimentos. Em 11/10/2018, o valor por atendimento foi reajustado de R$ 13,30 para R$ 13,88.

A  Consórcio Rio Verde -  responsável pelas sete unidades em funcionamento do Ganha Tempo em Mato Grosso - informou que não recebeu nenhum valor indevido referente aos atendimentos identificados como irregulares pelo Governo do Estado de Mato Grosso. 

Veja a íntegra da nota:

"O Consórcio Rio Verde, a maior empresa do país neste segmento e responsável pelas 7 unidades em funcionamento do Ganha Tempo em Mato Grosso, vem a público informar que não recebeu nenhum valor indevido referente aos atendimentos identificados como irregulares pelo Governo do Estado de Mato Grosso. 

Os valores desses atendimentos que a CGE considerou irregular foram suspensos pelo Estado, não ocorrendo o pagamento para o Consórcio. Portanto, não há o que se falar em prejuízo.

Os atendimentos divergentes apresentaram curta duração de tempo em razão de falhas no sistema operacional. Essas falhas foram corrigidas assim que o Consórcio tomou conhecimento do ocorrido. 

Além disso, os funcionários identificados conscientes desta prática foram advertidos e os demais colaboradores foram amplamente qualificados para que esse equívoco não retornasse a acontecer.

As unidades do Ganha Tempo de Mato Grosso possuem índice de aprovação de 99%. O custo por atendimento é de R$ 13,30, representando uma economia de R$ 18,70 aos cofres públicos, em relação ao que antes o Poder Executivo gastava com esses serviços. 

O Consórcio Rio Verde preza pela seriedade no trabalho, excelência nos serviços e, por isso, garante que todos os atendimentos foram realizados. As provas serão apresentadas na defesa da auditoria aberta pela Controladoria".

 
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