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Domingo, 28 de julho de 2024

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Juiz do caso Jean Charles diz que policiais cometeram erros sistemáticos

O juiz Michael Wright, que conduziu o inquérito público sobre o assassinato de Jean Charles de Menezes em Londres em 2005, mandou nesta quarta-feira revisar os procedimentos policiais por considerar que houve "erros sistemáticos" que teriam levado à morte do brasileiro, que foi confundido com um terrorista suicida. 


Jean Charles foi morto por policiais em 22 de julho de 2005, com sete tiros na cabeça, na estação de metrô de Stockwell, sul de Londres, ao ser confundido com o terrorista Hussain Osman. O crime aconteceu um dia depois de atentados ao sistema de transportes londrino terem fracassado e duas semanas depois de ataques que deixaram dezenas de mortos e centenas de feridos na capital inglesa.

Em 12 de fevereiro desde ano, a família do brasileiro decidiu abandonar a via judicial após ser confirmado que nenhum policial será processado pela morte do jovem. Na época, a Justiça escolheu um veredicto "inconclusivo" em detrimento de um veredicto de "homicídio involuntário" --opção que era defendida pelos policiais.

Em relatório divulgado nesta quarta-feira, Wright afirma que a investigação, que isentou os policiais de qualquer responsabilidade individual na morte de Jean Charles, "sugere que ocorreram erros sistemáticos", e faz uma série de recomendações para melhorar o funcionamento da cadeia de comando.

Erros
O magistrado destaca especialmente a má qualidade das fotografias que os policiais utilizaram em 22 de julho de 2005 para identificar o eletricista, como um dos autores dos atentados frustrados do dia anterior, que pretendiam ser uma imitação dos ataques de 7 de julho de 2005 na capital britânica.

"Muitos dos agentes que prestaram depoimento comentaram que as dificuldades para a identificação tornaram muito problemático seu trabalho no dia em questão", informa o relatório.

O juiz também critica o funcionamento da estrutura de comando no dia, e acrescenta que, das declarações feitas, desprende-se que "faltou clareza e deixou-se a porta aberta aos maus entendidos" entre os agentes que participaram da operação.

No entanto, justifica em parte a atuação dos agentes que atiraram à queima-roupa oito vezes em Jean Charles em um vagão do metrô, ao ressaltar que eles enfrentavam "uma situação sem precedentes", em referência aos ataques terroristas fracassados do dia anterior.

Outro lado
Em resposta ao relatório de Wright, a polícia informou que já fez mudanças na linha do sugerido pelo magistrado, e que estuda a adoção de uma equipe de agentes dedicados unicamente às operações armadas, que estará dirigido por um Comando Tático para casos de perigo extremo.

Nick Hardwick, presidente da Comissão Independente de Queixas Policiais, afirmou que a polícia de Londres "já deu passos significativos" para melhorar seu serviço, mas disse que é preciso fazer mais para evitar novas tragédias.

"A morte de Jean Charles de Menezes foi uma tragédia evitável na qual houve erros de organização significativos", disse.

Além disso, a Justice4Jean, a organização que pede Justiça neste caso, destacou que, se agora for aceita a hipótese de que houve erros, não faz sentido que "nenhum oficial da polícia tenha assumido sua responsabilidade ou tenha sido processado" pela morte de Jean Charles.
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