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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Marco temporal

Wellington cita entrega de máquinas por Bolsonaro e liderança indígena rebate: ‘Queremos vida’; assista

Foto: Reprodução / Youtube TV Senado

Alessandra Korap e Wellington Fagundes

Alessandra Korap e Wellington Fagundes

A líder indígena Alessandra Korap, do povo Munduruku, do Pará, rebateu um questionamento do senador Wellington Fagundes (PL-MT) durante reunião da Comissão de Meio Ambiente na última quarta-feira (25) no Senado Federal. O mato-grossense lembrou a entrega de tratores aos indígenas mato-grossenses pelo presidente Jair Bolsonaro, e Alessandra rebateu afirmando que cada povo tem sua autonomia para escolher o que quer, mas que os indígenas querem vida e a floresta em pé. Ela também afirmou que sempre que os brancos oferecem algo aos indígenas, querem em troca mais destruição.


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O senador começou questionando às lideranças indígenas presentes o que eles achavam da instalação de bases militares, expansão da malha viária, exploração de alternativas energéticas e resguardo de cunho estratégico em terras indígenas independente da consulta aos povos; perguntou se essas instalações eram compatíveis com a Constituição Federal, dentre outros detalhes, até que citou a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) junto ao presidente da Funai no Seminário de Desenvolvimento Sustentável em Cuiabá, onde foram entregues tratores ao povo Pareci.
 
“O cacique Arnaldo esteve conosco, e eles cobraram de forma veemente a implantação de uma escola técnica. (...) De que forma é bom o desenvolvimento das riquezas, da agropecuária e até a questão das reservas minerais, como vocês acham que isso deve ser feito para beneficiar especificamente a comunidade indígena e não para serem explorados?”, perguntou Wellington.
 
Também estava presente no encontro o líder político Yanomami, Davi Kopenawa Yanomami. Quem respondeu Wellington, no entanto, foi Alessandra. Ela iniciou dizendo que o verdadeiro interesse é que os empresários fiquem ricos, enquanto os indígenas vão ficar com o rio sujo e a floresta destruída.
 
“A própria Funai sabe disso, que está dando máquina, mas não quer demarcar terra indígena. A própria Funai está dando máquina, falando em plantação de soja, mas tem muito invasor dentro de terra indígena, como é o caso dos Munduruku, dos Kaiapó e outros tantos povos indígenas invadidos. E cadê que a autoridade faz alguma coisa?”, questionou.
 
“Quando é para explorar mineração, para explorar soja... quantos portos estão sendo instalados lá no Itaituba pra plantar toneladas e toneladas de soja? Quantos pontos da ferrovia vão ser construídos para plantar cada vez mais toneladas de soja e desmatar? É como se a educação fosse vendida, como se nossa cultura fosse vendida, como se nossos filhos fossem vendidos. Se os Pareci querem ser destruídos, querem máquinas, problema deles. Mas que façam o dever do Estado, a Funai, qualquer autoridade respeite nossos direitos, porque nós Munduruku não é igual os Ianomami, não é igual os Pareci, não é igual os Tupinambá, não é igual os Pataxós. Somos mais de 300 povos indígenas, mais de 200 línguas falantes. Quantos povos têm isolados? Enquanto os produtores do agronegócio estão cada vez [mais] invadindo”, completou.
 
A líder Munduruku ainda afirmou que sua aldeia pediu durante quinze anos por educação, mas só agora conseguiu, quando o Governo quer alto em troca. “Toda vez para ter uma educação, uma escola, um ensino, eles querem algo para destruir. Eu te dou educação, mas quero um pedaço da sua terra. Eu te dou saúde, mas quero pedacinho do seu rio. Pra construir hidrelétrica, para construir ferrovia, para construir hidrovia. Tudo é em troca. Os pariwat, os brancos, nunca pensam só nas terras deles, sempre querem invadir a terra dos outros”, lamentou.
 
“Estamos defendendo a floresta para nossos filhos porque eles precisam conhecer cada folha, cada pássaro, onde nasce os peixes, eles precisam saber. Só falam em desenvolvimento. Um desenvolvimento para destruir nosso povo, dizimar nosso povo. Dizimar os povos indígenas. A gente não pode aceitar. Chega dos pariwat
 quererem mandar em nós”, finalizou a liderança.
 
Assista ao debate:
 

 
Alessandra também publicou o início de seu discurso no Twitter, e escreveu: “Um senador de Mato Grosso acha que ia apenas abaixar a cabeça e dizer que tá tudo bem? Só que não ,não consigo me calar diante do retrocesso o que está acontecendo com os povos indígenas”. Veja:
 
 
Discussão
 
O debate na Comissão de Meio Ambiente era sonbre o PL 490/2007, que altera a lei do Estatuto do Índio, que é de 1973. Foram convidados, a líder indígena Munduruku, Alessandra Korap Munduruku e o líder político Yanomami, Davi Kopenawa Yanomami, além de representante do Ministério
 
Durante esta semana, cerca de seis mil indígenas, inclusive uma delegação de aproximadamente 380 de Mato Grosso, estão em Brasília na "Mobilização Nacional Indígena". A manifestação, considerada a maior pós-constituinte, protesta contra a aprovação do julgamento do chamado "Marco Temporal" no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
A tese jurídica, que tem expresso apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), estabelece que povos indígenas apenas terão direito à demarcação daquelas terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data em que foi promulgada a Constituição Federal.
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