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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

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Agência nuclear da ONU prepara sucessão e encara Irã como desafio

A Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou nesta segunda-feira o japonês Yukiya Amano como o próximo diretor do órgão, durante a 53ª reunião anual, que reuniu representantes dos 150 países-membros em Viena. Amano assumirá o órgão das Nações Unidas em dezembro e terá como desafio principal a investigação do programa nuclear iraniano.


O próximo diretor se recusou a dar sua opinião sobre o conflito nuclear com o Irã, enquanto o atual chefe da agência, o egípcio Mohamed El Baradei, cujo mandato em 30 de novembro, pediu nesta segunda-feira que o Conselho de Segurança das Nações Unidas dê ao órgão mais poderes para evitar a difusão de armas nucleares, em vez de priorizar a adoção de sanções que, segundo ele, muitas vezes são inúteis.

Amano, por sua vez, limitou-se a destacar a importância do diálogo. "Espero que haja um bom marco para o diálogo com o Irã", disse o diplomata sobre as conversas que a comunidade internacional iniciará com Teerã em 1º de outubro.

O conflito nuclear com a República Islâmica será, com toda probabilidade, o principal assunto de pelo menos metade dos quatro anos do mandato de Amano.

Em uma entrevista coletiva, o japonês disse que a AIEA tem capacidade para "tratar de assuntos globais", sejam políticos, energéticos e de saúde. Para isso, no entanto, a agência "deve ser imparcial, profissional e confiável", destacou.

Amano, de 62 anos, acrescentou que o mundo enfrenta "um crescente risco de proliferação e terrorismo nuclear, além de uma crescente demanda por energia e da preocupação com as progressivas emissões de gases poluentes" causadores do efeito estufa.

"Estes desafios são assuntos globais e a AIEA tem habilidade e responsabilidade para fazer frente a eles com o uso de energia nuclear", afirmou o novo diretor-geral da agência.

Por sua vez, El Baradei destacou em seu último discurso na Conferência Geral da AIEA, que só o diálogo pode solucionar o conflito iraniano. Ele elogiou os EUA por oferecem uma retomada do diálogo com o Irã sem pré-condições, mas sugeriu que as ameaças de novas sanções à República Islâmica caso o diálogo fracasse não levarão a lugar algum.

"Devemos manter abertos os canais de comunicação com aqueles com quem temos questões que precisam ser resolvidas, em vez de procurar isolá-los", disse El Baradei em pronunciamento na abertura da reunião anual dos 150 países integrantes da AIEA.

Ele afirmou que os inspetores da AIEA não podem fazer seu trabalho "em isolamento", pois dependem de apoio político do Conselho de Segurança. Por isso, pediu que a agência receba mais meios para verificar que não haja Estados desviando material ou tecnologia nuclear para a produção de armamentos.

"O Conselho precisa desenvolver um mecanismo abrangente de cumprimento que não dependa apenas de sanções, que com muita frequência ferem os vulneráveis e os inocentes", disse El Baradei, referindo-se aos exemplos da Coreia do Norte e do Iraque sob o regime de Saddam Hussein.

Ele disse que há três questões prementes --a fraca autoridade jurídica da AIEA, a falta de verbas da agência e a ameaça de que militantes obtenham materiais nucleares-- e que sua não-resolução "poderia colocar em risco todo o regime de não-proliferação."

El Baradei afirmou que 73 países, inclusive Irã e Coreia do Norte, deixaram de ratificar um protocolo da AIEA que permitiria inspeções sem aviso prévio fora de instalações nucleares oficiais, o que é considerado essencial para a obtenção de provas de atividades nucleares secretas para fins militares.

O egípcio também pediu mais poderes para que o órgão passa evitar a proliferação de armas nucleares. Isso, segundo o diplomata, faria a agência parar de depender de sanções que não costumam funcionar e só prejudicam "os mais vulneráveis e inocentes".

Ao fazer um retrospecto dos 12 anos que passou à frente da AIEA, El Baradei lamentou o fato de que, "apesar de a AIEA e a ONU terem divulgado informações imparciais e fáticas que indicavam a ausência de armas de destruição em massa no Iraque, uma guerra foi lançada contra esse país".

"Lições importantes têm de ser aprendidas com o Iraque e a Coreia do Norte. A primeira é que temos de deixar a diplomacia e a fiscalização exaustiva seguirem seu curso, sem importar o quão longo e pesado seja o processo", acrescentou.

A disputa gerada pelo programa nuclear iraniano já está há seis anos em aberto e ainda há "várias questões" pendentes, além de "acusações que lançam dúvidas sobre a natureza pacífica" das aspiração nucleares do país, destacou o egípcio.

Essas dúvidas só poderão ser esclarecidas com a colaboração de Teerã e com a "criação de uma relação de confiança" por meio do diálogo, disse o diplomata.

Já o Irã demonstrou nesta segunda-feira sua disposição em dialogar sobre o programa nuclear nacional, mas descartou a imposição de pré-condições e de ameaças militares contra o país.

Durante a conferência da AIEA, o novo vice-presidente e principal encarregado do programa nuclear iraniano, Aliakbar Salehi, declarou que Teerã colaborará com a agência e continuará permitindo inspeções em suas instalações nucleares.

Por outro lado, ele criticou a "arrogância" daqueles que querem que o Irã renuncie a seu "legítimo direito" ao uso da energia atômica.

"Mais ainda, estamos sendo continuamente ameaçados com ataques contra nossas instalações nucleares", disse Salehi em referência a Israel e Estados Unidos.
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