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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Primeiro-ministro de Israel diz que ofensiva em Gaza foi autodefesa

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira que a ofensiva de seu país contra a faixa de Gaza em dezembro e janeiro passados foi um ato de "autodefesa" e negou que tenham ocorrido crimes de guerra, como afirma relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado nesta terça-feira (15). Em declarações à TV estatal realizadas por ocasião do Ano Novo judaico, comemorado neste fim de semana, Netanyahu pediu aos "líderes mundiais" que rejeitem o relatório.


Netanyahu argumentou que o relatório não menciona que Israel se retirou da faixa de Gaza em 2005 e que a ofensiva aconteceu depois do lançamento de foguetes a partir do território palestino contra terras israelenses. "Foi um recurso ao direito de nos defender", afirmou

O discurso de Netanyahu se enquadra na ação diplomática que Israel lançou quarta-feira (16), apenas um dia após a divulgação do relatório, para tentar convencer a comunidade internacional a desprezar a possibilidade de esse relatório ir para análise no Conselho de Segurança da ONU.

Gladstone recomendou a adoção de tal procedimento caso Israel não investigue em até seis meses os principais responsáveis pela ofensiva. Se atender a recomendação, o Conselho de Segurança pode levar o assunto ao TPI (Tribunal Penal Internacional), o qual tem o poder de emitir ordens de busca e captura.

Netanyahu, com o discurso, também ecoou as críticas da chancelaria israelense, para quem a investigação estava destinada a condenar o Estado judaico desde o início. Por esse suspeita, Israel se recusou a colaborar com a investigação.

Em entrevista à TV pública israelense veiculada mais cedo, ainda nesta quinta-feira, o presidente da missão da ONU que escreveu o relatório, Richard Goldstone, rejeitou as críticas de Israel. "Nego totalmente essas alegações. Fui completamente independente, ninguém me ditou a conclusão", disse o juiz sul-africano.

Quase 1.400 palestinos e 13 israelenses morreram durante os enfrentamentos, entre 28 de dezembro de 2008 e 18 de janeiro, quando Israel invadiu Gaza com o argumento de tentar deter o lançamento de mísseis, por parte do Hamas, contra seu território.

Relatório


O relatório, apresentado em Nova York, afirma que a operação da Israel foi contra "o povo de Gaza em conjunto" e seguiu "uma política de castigo".

"Israel não adotou as precauções requeridas pelo direito internacional para limitar o número de civis mortos ou feridos nem os dados materiais", acrescentou. O documento afirma que o disparo de fósforo branco --que causa queimaduras severas e problemas respiratórios- e o uso de artilharia altamente explosiva foram violações à lei humanitária.

No seu levantamento, os funcionários da ONU observam ainda que os militares israelenses usaram "a força de maneira desproporcional" contra civis palestinos, com o bombardeio de armazéns de alimentos, zonas residenciais, fábricas e equipamento de tratamento de água. "Pelos fatos analisados, a missão acha que essas destruições tinham como objetivo negar a subsistência da população civil."

Como exemplos a missão cita um ataque à localidade de Zeitoun, no sul da Cidade de Gaza, contra um imóvel no qual os próprios soldados israelenses tinham colocado civis palestinos e outros sete casos de civis palestinos baleados ao deixar as suas casas correndo em busca de abrigo. Essas vítimas, ainda segundo o relatório, frequentemente levavam bandeiras brancas e, às vezes, agiram sob instrução dos israelenses.

O relatório traz o testemunho de um oficial de inteligência palestino, de 39 anos, segundo o qual ele foi obrigado a andar à frente dos militares israelenses enquanto eles revistavam sua casa e a ficar de cuecas na frente dos soldados ao lado do filho, que foi obrigado a ficar nu.

"Se levarmos em conta o planejamento que ocorreu e o uso da melhor tecnologia disponível para executar esses planos, além da declaração do Exército israelense de que não existiram erros, a missão conclui que os incidentes e os padrões de conduta analisados no relatório são o resultado de decisões políticas deliberadas", acusa a missão da ONU.

O texto --que possui 575 páginas-- afirma que Israel "cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade", mas também afirma existirem provas de que os grupos armados palestinos cometeram esses mesmos crimes ao disparar foguetes contra as cidades do sul de Israel sem distinguir entre alvos civis e militares.
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