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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Acre deve encerrar julgamento de Hildebrando por crime da motosserra

O TJ (Tribunal do Júri) do Acre deve encerrar nesta quarta-feira o julgamento do caso que ficou conhecido como o crime da motosserra.

O TJ (Tribunal do Júri) do Acre deve encerrar nesta quarta-feira o julgamento do caso que ficou conhecido como o crime da motosserra. Hoje, antes da sentença do júri popular, defesa e acusação darão os argumentos finais.


Ontem, o juiz Leandro Gross, presidente do TJ concluiu o interrogatório de todos os réus, entre eles o ex-deputado e coronel reformado da Polícia Militar, Hildebrando Pascoal (ex-DEM). Todos negaram envolvimento no caso.

Hildebrando nega crime da motosserra e atribui culpa a ex-vereador
Hildebrando diz ser vítima de armação de seus adversários
Justiça ouve 15 testemunhas e Hildebrando faz própria defesa em julgamento

Além de Hildebrando, são julgados Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Neto (irmão de Hildebrando), Alex Fernandes Barros (sargento da Polícia Militar) e Adão Libório de Albuquerque (servidor público municipal).

Anteontem, primeiro dia de julgamento, foram ouvidas 15 testemunhas.

Em seu depoimento, Hildebrando disse que o culpado pela sessão de tortura e assassinato do mecânico Agilson Santos Firmino, o "Baiano", em 3 de julho de 1996, foi o ex-vereador Alípio Ferreira, que já morreu.

O ex-deputado afirmou que não conhecia Baiano e disse ser vítima de uma armação por parte de seus adversários. "Sou vítima das mais sórdidas e mentirosas campanhas na história deste país."

Hildebrando ainda atacou o Ministério Público ao dizer que as provas contra ele foram forjadas. Ele disse que a arma do crime não foi uma motosserra, e sim um facão.

Segundo a denúncia, ainda vivo, o mecânico teve os olhos perfurados, braços, pernas e pênis amputados com a utilização de uma motosserra, além de um prego cravado na testa. Em seguida, os réus atiraram contra a cabeça do mecânico. A suspeita é que Hildebrando tenha efetuado os disparos.

O que sobrou do corpo de Baiano foi jogado em uma hoje movimentada avenida de Rio Branco. O filho de Baiano, de 13 anos, também foi morto.

Esquadrão da morte


Hildebrando tem uma lista de crimes e condenações tão extensa quanto o número de vítimas executadas pelo esquadrão da morte que liderou. Mesmo preso, já condenado a mais de 80 anos de prisão por dois homicídios, tráfico internacional de drogas, formação de quadrilha e crimes eleitorais (trocava cocaína por votos) e financeiros, ele ainda assusta os moradores do Estado.

Quatro testemunhas do crime da motosserra foram assassinadas --Hildebrando foi condenado por duas dessas mortes.

Três dos 25 pré-selecionados para o Tribunal do Júri pediram para não participar do julgamento, temendo represálias. Os jurados estão hospedados em dois hotéis no centro da capital, sob escolta policial.

O esquema de segurança também foi reforçado --cerca de cem policiais civis, militares e federais, segundo o Tribunal de Justiça, vigiam o Fórum Barão de Rio Branco.

Segundo o Ministério Público, o que motivou Hildebrando a matar Baiano (e a ordenar a morte do filho dele) foi o assassinato de um irmão do então deputado, Itamar.

Baiano trabalhava para o acusado pelo crime; foi morto por não saber o paradeiro do patrão. Já o filho (cujo caso será julgado à parte) morreu porque não sabia dizer aos seus algozes onde estava o pai.

Sanderson Moura, advogado do ex-deputado, diz que não há provas da participação de Hildebrando no crime da motosserra. "Ele é um preso político", afirma.

Em muitos dos crimes cometidos pelo esquadrão de Hildebrando (investigadores estimam em quase cem mortes), não se conheceram as causas nem as explicações.

"Era uma espécie de assinatura do grupo: corpos decepados, mutilados, jogados no meio da rua", conta o procurador Samy Barbosa Lopes, coordenador do grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público Estadual.

Acusados

Também são acusados pelo mesmo crime Amaraldo Uchoa Pinheiro, Pedro Bandeira, Aureliano Pascoal, Alípio Ferreira e Sete Pascoal Nogueira --os dois últimos já morreram.

Pinheiro e Pascoal tiveram seus processos desmembrados e serão julgados separadamente em outubro e novembro deste ano. Já Bandeira seria julgado hoje, mas enviou atestado médico alegando que encontra-se internado para tratamento de saúde.
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