O relatório final da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), referente à suposta quebra de decoro parlamentar do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), no episódio em que ele comparou a gestação de mulheres à de vacas, poderá ser lido na sessão da próxima quarta-feira (4), no plenário da Casa de Leis. 

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E às vésperas de um possível desfecho para esse caso, o deputado já se envolveu em outra polêmica. Dessa vez, com a vereadora Maysa Leão, que o acusa de ter editado um vídeo propositalmente, a fim de colocá-la como defensora de estupradores. 

Nesta segunda-feira, a vereadora apresentou à Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) um pedido de providências contra o deputado, assinado por 15 vereadores, pela suposta prática de difamação, violência de gênero e incitação ao crime. Segundo a vereadora, o ato de Cattani se enquadra em “algo análogo à quebra de decoro parlamentar". 

O documento será encaminhado à mesa do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho. Em entrevista à imprensa nesta segunda-feira (4), o parlamentar disse que irá designar uma equipe para analisar a manifestação de Maysa. 

Quando questionado a respeito da nova polêmica de Cattani, e se esta pode respingar no relatório a ser lido nesta quarta, Botelho admitiu que sim, há essa possibilidade. No entanto, ele não esclareceu de que forma, apenas frisou que cada um dos parlamentares deve analisar a questão à sua maneira.

“Eu acredito que sim, deve sim. Cada um vai analisar, vamos ver o que os deputados pensam, mas é possível que eles analisem sim. Eu não tenho conhecimento do teor de tudo, mas todos os deputados vão levar em consideração tudo que está chegando aqui”, disse. 

Sobre a polêmica de Cattani e Maysa, Botelho disse que essa é uma questão pessoal, do deputado, se referindo ao fato de que o caso não ocorreu dentro da Assembleia. Em seu entendimento, diz, o deputado errou nas palavras, mas  poderia ter se expressado utilizando outros exemplos. 

“Nós temos que prestar atenção na forma como a gente fala. A forma como ele falou é que não é a correta. Eu acho que ele poderia falar a mesma coisa de outra forma. Se ele dizia pra ela: ‘você poderia se colocar no lugar de uma pessoa, da mãe de uma pessoa que foi estuprada’. Não dizer: ‘você vai ser estuprada’. E eu analisando, eu acho que ele errou, sim”’.

Segundo Botelho, essa é uma polêmica isolada do deputado. Ele afirmou que não tem tido quaisquer problemas com Cattani dentro da AL. “Nas sessões, ele não tem feito polêmica. Ele inclusive já tomou algumas advertências aqui, e não faz mais polêmica. Nas comissões, ele também não está fazendo polêmica. Agora, nas questões fora, a gente não tem esse controle”        
                                                   
Por último, o deputado enfatizou que uma eventual punição a Cattani não lhe compete, mas sim à Comissão de Ética, que pode sugerir alguma penalidade ao parlamentar, sendo a mais rigorosa delas a perda de mandato. 

“Eu, como presidente, não posso, de ofício, puni-lo. O que eu podia fazer, já fiz, que era afastar da Comissão de Defesa da Mulher. Fora isso, eu não posso fazer mais nada, a não ser aguardar a Comissão e depois apresentar no plenário, se for o caso”.