O diretor executivo da empresa Rumo Logística SA, Guilherme Penin, defendeu a mudança no traçado original da ferrovia que a empresa vem construindo em Rondonópolis. De acordo com o projeto inicial, as linhas férreas deveriam passar a cerca de 1 ou 2 km do área urbana da cidade. No entanto, após mudanças feitas pela Rumo, os trilhos estão autorizados a serem construídos em alguns bairros do município. 

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Os deputados estaduais da região, no entanto, têm se posicionado contrários à mudança, alegando que ela resultará em impactos sociais negativos e até atraso na economia da cidade. Tanto que convocaram uma audiência realizada nesta segunda-feira (26) com a presença da direção da companhia para que a Rumo explicasse sobre as mudanças feitas ante o projeto original. 

Quando questionado pelo deputado Thiago Silva (MDB) do porquê da alteração no projeto, Penin não respondeu de forma objetiva. Argumentou, entretanto, que a mudança será benéfica ao meio ambiente e à população de Rondonópolis. Ele acrescentou à sua fala que é normal que o traçado foi “aperfeiçoado” e pontuou que projetos desse porte sofrem alterações pelo fato de que as empresas em disputa podem sugerir melhorias. “É da natureza de qualquer obra”. 

“Esse traçado foi aperfeiçoado e ele será, ao longo de todo o projeto, aperfeiçoado várias vezes. Por quê? Toda vez que você olha novamente, você encontra oportunidades de melhorar. Não existe o melhor traçado do mundo, nem a Nasa”, iniciou.

“Toda vez que a gente coloca uma equipe nova, que uma empreiteira nova analisa, ela dá sugestões de melhoria, ela dá sugestões de melhoria, inclusive durante a obra. Ela fala: ‘pô, “se em vez de passar aqui, se passasse um pouco mais para lá, e fizesse essa alteração aqui, isso ficaria mais fácil de executar, correria menos risco, se encontra uma pedra, se encontra um solo que você não esperava, é assim por diante’”, completou. 

De acordo com um exemplo dado por Penin, à medida que se abre uma concorrência entre empreiteiras que querem pegar um lote, cada companhia chega com uma ideia diferente com uma solução nova de aperfeiçoamento. “Sempre para o melhor”, diz.  

“Isso é da natureza de uma obra, sobretudo um empreendimento linear como esse, que você tem quilômetros e mais quilômetros e tem que ir investigando quilômetros e quilômetros. Então isso aconteceu [a mudança] e isso vai acontecer outras vezes. E não só em Rondonópolis, como em diversos lugares”, pontuou. 

O executivo disse ainda que outros dois pontos podem ser considerados positivos com a mudança do traçado. A obra será realizada em menos tempo e terá menos impactos ambientais. 

Para o diretor, o projeto de mudança do traçado da ferrovia é "bem melhor" do ponto de vista ambiental, segundo avaliação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e de consultorias ambientais. Os deputados, porém, afirmam que a Sema autorizou a mudança no traçado sem documentos que estimam impactos ambientais na região.  

“Intuitivamente me parece que uma ponte de 400 metros gera menos impacto ambiental do que um monte de coluna no meio do rio, uma ponte de 2.200 metros. Me parece também que é melhor desmatar 25% de menos, me parece também que é melhor movimentar 50% de menos de terra. E a Secretaria de Meio Ambiente entendeu que essas vantagens ambientais são importantes”, contou.

“Agora, se vai gerar algum impacto social etc e etc, estamos aqui para discutir e ver como é que a gente mitiga esses eventuais e possíveis impactos. De novo, em Chicago, a ferrovia passa dentro da cidade. Em Santos, a ferrovia passa bem da cidade. Em Campinas, em São Paulo, em São José do Preto. Em Rondonópolis vai passar muito fora. Então, assim, o que você tem que fazer é melhorar a relação da cidade com a ferrovia”, finalizou.