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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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Comunidade internacional condena repressão violenta a protesto na Guiné

A violenta repressão contra os opositores da junta militar que governa a Guiné foi condenada internacionalmente nesta terça-feira. As forças de segurança mataram dezenas de manifestantes reunidos em um estádio na capital do país, Conacri, nesta segunda-feira para protestar contra a possível candidatura do chefe da junta golpista, capitão Moussa Dadis Camara, nas eleições presidenciais no dia 31 de janeiro.


A ONG Organização Guineana de Defesa dos Direitos Humanos denunciou nesta terça-feira que pelo menos 157 pessoas morreram 1.253 ficaram feridas durante a violenta repressão, mas os números ainda são confusos. Segundo informaram as emissoras regionais e a Cruz Vermelha local, o número seria de 87 mortos recolhidos no estádio 28 de Setembro, o maior da capital.

Enquanto anunciou que vai investigar a repressão, o governo continua a afirmar que o protesto era ilegal.

Segundo o Encontro Africano para a Defesa dos Direitos Humanos (Raddho), com sede em Dacar, a crise política da Guiné se originou pela vontade da junta militar de impor a candidatura de Camara nas eleições de janeiro próximo, com o que descumpriria o acordo de devolver o poder aos civis.

A oposição assegura que não aceitará "de nenhuma maneira" a candidatura de Camara e dúvida da capacidade da junta militar de organizar eleições limpas e transparentes.

A União Africana (UA), que suspendeu a Guiné depois do golpe de Estado de 23 de dezembro passado, condenou o que qualificou de "grave violação dos direitos humanos", e anunciou que considerará a eventual imposição de sanções ao país.

A Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao) condenou nesta terça-feira a violência policial, exigiu a libertação dos detidos e pediu uma investigação internacional.

O governo do Senegal condenou o que chamou de "atos odiosos que põem em perigo a paz, a segurança e a transição na Guiné" e pediu "calma" à junta militar.

A França, antiga metrópole colonial da Guiné, lamentou a repressão "sangrenta e selvagem" e as "violações dos direitos humanos". Paris anunciou também a imediata suspensão da cooperação militar.

A pedido da França, a UE (União Europeia) se reunirá nesta quarta-feira em Bruxelas para estudar medidas complementares, especialmente individuais, que poderiam ser tomadas de forma rápida.

Na ONU (Organização das Nações Unidas), o secretário-geral Ban Ki-moon se mostrou "comovido" com a perda de vidas humanas e criticou o "excessivo uso da força" contra os manifestantes na Guiné.

O alto representante para a política externa e de segurança comum da UE, Javier Solana, condenou em comunicado o uso da força em Conacri e pediu às autoridades "moderação", em prol de "uma transição pacífica e democrática".

A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) pediu "diálogo" na Guiné e apontou que o país só poderá encontrar o caminho para a paz, a democracia e o desenvolvimento com eleições "pactuadas" e sem participação de membros da junta golpista.

A junta militar que governa o país tinha proibido a manifestação sob o argumento oficial de não perturbar a ordem pública antes da festa da Independência, no dia 2 de outubro próximo. Ela chegou ao poder em um golpe de Estado em 23 de dezembro de 2008, poucas horas depois da morte do presidente Lansana Conte, que tinha ocupado o poder na Guiné durante 24 anos.

O capitão Camara disse inicialmente que não iria concorrer nas eleições, mas recentemente disse que ele tem o direito de concorrer, se quiser. Se for eleito, ele repetirá o roteiro de Conte, que chegou ao poder em 1984 por meio de um golpe e depois se elegeu sucessivamente --em votações marcadas pela fraude.

As manifestações contra a Camara têm crescido, mas nenhuma tinha sido tão violentos como a desta segunda-feira. Em 27 de agosto, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar um protesto na capital. E quinta-feira passada (24) dezenas de milhares de moradores de uma cidade ao norte de Conacri foram às ruas, sem incidentes graves.

Várias organizações de defesa dos direitos Humanos condenaram as ações violentas da polícia da Guiné e exigiram uma reação urgente da comunidade internacional. Segundo denunciou em agosto o grupo Human Rights Watch (HRW), o regime de Camara se caracterizou por "detenções arbitrárias, restrições às atividades políticas e atos criminosos por parte dos militares".
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