O ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-99) foi indiciado por obstruir as investigações do atentado a um centro comunitário judaico em Buenos Aires, em julho de 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos, informou nesta quinta-feira uma fonte judicial. O juiz federal Ariel Lijo indiciou Menem por irregularidades durante a investigação judicial sobre o ataque à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia).
Lijo também incluiu no processo o irmão do ex-presidente, Munir Menem, o ex-chefe da Secretaria de Inteligência do Estado (Side), Hugo Anzorregui, e o ex-juiz federal Juan José Galeano, que por dez anos esteve encarregado da investigação. O magistrado foi afastado do caso em 2004 em consequência de irregularidades.
Segundo o juiz, há indícios de que o ex-presidente, de família de origem síria, "em conivência" com seu irmão Munir, a partir de 1 de agosto de 1994, teve uma "determinante incidência" na etapa de instrução do processo judicial, quando são coletadas as evidências.
O ex-presidente também será acusado de encobrimento, falsidade ideológica, violação de provas e abuso de autoridade. O juiz ordenou o embargo dos bens dos acusados no valor de 300 mil pesos (quase R$ 140 mil).
O ataque contra a AMIA é atribuído pela Justiça argentina a ex-governantes iranianos, entre eles o atual ministro iraniano da Defesa, Ahmad Vahidi, que é procurado pela Interpol (polícia internacional) desde 2007 pelo crime.
Menem também responde na Justiça a uma acusação de tráfico de armas.
Entre 1991 e 1995, o então presidente e funcionários autorizaram, por meio de três decretos, a venda de armas para a Venezuela e o Panamá. Segundo a acusação, porém, essas armas teriam sido enviadas ao Equador e à Croácia, que passavam por conflitos naquele período. A Argentina teria enviado 6.500 toneladas de armamentos aos dois países.